Logo Folha de Pernambuco

KIDS PRETOS

Operação da PF mira general da reserva que atuou no governo Bolsonaro; saiba quem são os alvos

Atualmente, militar estava lotado como assessor no gabinete do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde

Operação da PF mira general da reserva que atuou no governo BolsonaroOperação da PF mira general da reserva que atuou no governo Bolsonaro - Foto: Polícia Federal/divulgação

Um dos alvos de mandado de prisão preventiva da Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira, pela Polícia Federal, é o general da reserva Mario Fernandes. Ele foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, segundo posto mais importante da pasta, que chegou a assumir interinamente. Atualmente, estava lotado como assessor no gabinete do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde.

Outros alvos são os militares Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, integrantesdos “Kids pretos”, e o policial federal Wladimir Matos Soares, policial federal.

A operação da PF é parte do inquérito que apura se houve uma tentativa de golpe após a eleição de 2022, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A operação mira os “kids pretos”, formado por militares das Forças Especiais. De acordo com a PF, havia um plano de execução de Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao todo, foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas como a proibição de contato entre os investigados, a entrega de passaportes em 24 horas e a suspensão do exercício de funções públicas.

A investigação, segundo a PF, indica que os kid pretos utilizaram conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas durante os meses de novembro e dezembro de 2022.

A PF aponta ainda que foi identificado um plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa, para o dia 15 de dezembro de 2022, o homicídio dos candidatos eleitos à Presidência e Vice-Presidência da República. Além disso, a ação incluía a prisão e execução do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que estava sendo monitorado como parte da trama golpista.

O plano golpista também previa a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, que seria integrado pelos próprios envolvidos, para gerir os conflitos decorrentes das operações.

O cumprimento dos mandados contou com o acompanhamento do Exército Brasileiro e ocorreu nos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e no Distrito Federal.

A PF apura se os envolvidos no esquema praticaram os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Quem são os 'kids pretos'
Os chamados "kid pretos", segundo a PF, estiveram em reuniões que tinham o intuito de delinear estratégias para a ofensiva golpista, segundo a PF. Nos ataques de 8 de janeiro de 2023, chamou a atenção de investigadores a presença de manifestantes com balaclavas e desenvoltura na linha de frente da invasão.

Um grupo organizou uma ofensiva para furar o bloqueio da Polícia Militar, orientou manifestantes a entrar no Congresso pelo teto, transformando gradis em escadas, e os instruiu a acionar mangueiras para diminuir os efeitos das bombas. Destroços de uma granada de gás lacrimogêneo usada em treinamentos militares foram encontrados, segundo a CPI dos Atos Golpistas.

O apelido "kids pretos" , segundo o Exército, é um nome informal atribuído aos militares de operações especiais, por usarem um gorro preto. Nos livros de história militar, o termo faz referência ao codinome utilizado para definir o comandante da unidade que combateu guerrilheiros do Araguaia.

Para integrar as forças especiais, o interessado precisa ser sargento ou oficial e fazer cursos de paraquedista, por seis semanas, e de “ações de comandos”, que dura quatro meses e é a etapa mais dura. Um exercício comum é ficar em ambientes fechados com gás lacrimogêneo sem máscara. Restrições de sono e de alimentação também integram a rotina, além de testes físicos.

Há ainda uma terceira fase com foco estratégico. Um exemplo de ação desta etapa, que leva cinco meses, é a infiltração em outro estado por meio de salto de paraquedas para, em simulações, cumprir determinada missão, como o resgate de um refém.

Os “kids pretos” também já atuaram em operações de grande porte, como a missão no Haiti, e eventos como a Copa do Mundo — neste último caso, dedicados a evitar ataques terroristas. O efetivo é reduzido: a maior parte fica no 1º Batalhão de Forças Especiais, em Goiânia. O Exército não informa a quantidade exata, mas estimativas apontam para 400 militares. Há, ainda, a 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, com cerca de 150 integrantes.

Em relatório, a PF afirmou que houve um “planejamento minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, as técnicas militares para a consumação do golpe de Estado”.

A conclusão parte de uma troca de mensagens em que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o coronel Bernardo Romão Correa Neto, combinam encontros com integrantes das forças especiais em novembro de 2022. O objetivo seria refinar o planejamento e ampliar, entre os militares, a adesão à trama golpista.

“Só chamamos os FE”, escreveu Correa Neto a Cid. O advogado do ex-ajudante de ordens afirmou que não teve acesso aos autos. A defesa de Correa Neto não foi localizada, enquanto a de Bolsonaro diz que ele não atacou a democracia.

Veja também

G20: de camiseta e short, Macron madruga para correr na orla
COPACABANA

G20: de camiseta e short, Macron madruga para correr na orla

G20: primeiro-ministro do Japão compartilha foto com amanhecer em Copacabana
IMAGEM

G20: primeiro-ministro do Japão compartilha foto com amanhecer em Copacabana

Newsletter