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INVESTIGAÇÃO

Operação da PF que mira Bolsonaro e aliados repercute na imprensa internacional

Jornais falam em ''círculo por golpismo'', citam construção de ''narrativa para semear dúvidas sobre o resultado das eleições'' e comparam 8 de janeiro ao Capitólio

Jair Bolsonaro, ex-presidenteJair Bolsonaro, ex-presidente - Foto: Isac Nóbrega/PR

A Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (8) e que teve como alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, repercutiu na imprensa internacional em jornais de países como Estados Unidos, França, Espanha e Itália.

O espanhol El País fala em em “círculo por golpismo” formado ao redor de Bolsonaro. E relembra a operação da PF, na última semana, que atingiu o filho do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro. Diz que, hoje, os policiais “vieram procurar o próprio ex-presidente por sua suposta relação com a tentativa fracassada de golpe de Estado há um ano”.

O jornal El Español escreve que “os investigados construíram uma narrativa para semear dúvidas sobre o resultado das eleições de 2022, em que Lula derrotou Bolsonaro, por meio de informações falsas sobre as urnas eletrônicas que o país utiliza desde 1996 em seus processos eleitorais e que nunca deu problemas”.

As agências de notícias Bloomberg e Reuters relembram que “uma semana depois da posse de Lula, em janeiro de 2023, apoiadores de Bolsonaro, que se reuniram durante dias em frente ao quartel-general do Exército, invadiram e vandalizaram edifícios governamentais em Brasília, apelando a uma tomada militar”.

A emissora italiana Rai News diz que os acontecimentos do 8 de janeiro “foram imediatamente associados aos ocorridos no Capitólio, nos Estados Unidos, em janeiro de 2021, e suscitaram a indignação da comunidade internacional”.

As matérias destacam ainda que aliados do ex-mandatário também foram alvos da operação, como os ex-ministros do governo Bolsonaro, general Walter Braga Netto e Anderson Torres, e o ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Martins, que foi preso preventivamente.

Na França, a agência de notícias RFI e a emissora BFMTV também repercutiram o caso. “O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro vai entregar o seu passaporte às autoridades depois de ter sido alvo esta quinta-feira, 8 de fevereiro, de uma operação policial por suspeita de 'tentativa de golpe de Estado'”, diz a BFMTV.

O canal Sky TG24, também da Itália, citou a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o assunto em entrevista à rádio Itatiaia: “A ‘tentativa de golpe’ de 8 de janeiro de 2023 no Brasil ‘não teria acontecido sem Bolsonaro’ disse o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, comentando a operação policial contra aliados do ex-presidente de direita, seu antecessor”.

A Operação Tempus Veritatis foi deflagrada nesta quinta-feira para apurar a suspeita de atuação de uma organização criminosa na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.

Foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentar do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas, e suspensão do exercício de funções públicas.

Os mandados, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), estão sendo cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

"O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado", diz a PF em nota.

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