Oposição pede à PGR que Bolsonaro seja investigado por incitar atos de violência
Representação foi entregue a Aras durante reunião para debater federalização do assassinato de petista
Em reunião com o procurador-geral da República, Augusto Aras, nesta terça-feira (12), senadores da coligação do ex-presidente e pré-candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva, do PT entregaram um pedido para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja investigado por adotar condutas que incentivam e levem à violência.
O encontro na Procuradoria-Geral da República (PGR) foi marcado após o assassinato de um militante petista na noite de sábado (9), em Foz do Iguaçu. O crime foi cometido por um homem que se diz apoiador de Bolsonaro.
Na reunião, os senadores, além de pedirem a investigação do presidente, solicitaram, por meio de dois "incidentes de deslocamento de competência", a federalização da investigação do assassinato. Os políticos também entregaram a Aras um relatório que mostra o crescente número de casos de violência política no Brasil.
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No pedido de investigação de Bolsonaro, as condutas praticadas por ele "de forma reiterada, para além de ameaçarem a ordem democrática e a integridade física dos brasileiros, configuram, em tese, crimes definidos no Código Penal e em legislação especial".
"As lives e manifestações públicas do Representado, em geral, configuram verdadeiras exortações de ódio a setores da população brasileira que ousam divergir de suas opções políticas, posturas e compreensões de mundo, o que não pode, jamais, ser admitido como normal, aceitável, ou ser abarcado pela imunidade processual que detém o Presidente da República, na quadra democrática vigente", afirmam, na representação.
Na saída da reunião, que durou cerca de uma hora e meia, os parlamentares afirmaram que Aras ouviu os pedidos feitos e disse que a PGR acompanha os casos de violência.
— Ele [Aras] falou mais das investigações, dos atos antidemocráticos que a PGR tá acompanhando. O PGR disse que está acompanhando para que não ocorram atos de violência e que sejam punidos esses responsáveis — afirmou o deputado federal Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara dos Deputados.
Questionado a respeito do posicionamento de Aras sobre o pedido para investigar o presidente, o deputado do PT disse que o PGR foi "genérico"
— Foi genérico em relação ao Presidente da República, mas foi firme em defender que não ocorrerá aqui um seis de janeiro — em referência ao observado nos Estados Unidos.