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América Latina

Opositora venezuelana diz que inabilitação é 'bumerangue' para Maduro

Ela foi vinculada com um esquema de corrupção do simbólico governo interino do dirigente opositor Juan Guaidó

María Corina Machado, candidata à presidência da VenezuelaMaría Corina Machado, candidata à presidência da Venezuela - Foto: Yuri Cortez/AFP

A pré-candidata presidencial da oposição venezuelana, María Corina Machado, garantiu, nesta terça-feira (4), que sua inabilitação para exercer cargos públicos no país, anunciada na semana passada pela Controladoria alinhada ao governo, é um "bumerangue" que acabará prejudicando Nicolás Maduro.

"Nicolás Maduro, não é você quem vai escolher o candidato que vai lhe enfrentar e derrotar nas eleições presidenciais de 2024", afirmou Machado, que pertence à ala mais radical da oposição e pretende disputar as primarias que os adversários do governante socialista realizarão em outubro para escolher um candidato "único".

"Esse candidato será escolhido pelo povo da Venezuela em 22 de outubro nas eleições primárias. E, à comunidade internacional, queremos dizer que se preparem para a derrota de Nicolás Maduro e o início de uma transição ordenada no país", disse, em entrevista coletiva, a dirigente de 55 anos, que descartou abandonar a disputa.

Na sexta-feira passada, a Controladoria-Geral informou que Machado foi inabilitada para exercer cargos públicos durante 15 anos por supostas "irregularidades administrativas" quando foi deputada (2011-2014).

Ela foi vinculada com um esquema de corrupção do simbólico governo interino do dirigente opositor Juan Guaidó, reconhecido entre janeiro de 2019 e janeiro de 2023 como presidente encarregado da Venezuela por dezenas de governos que não reconheceram a reeleição de Maduro em 2018.

A inabilitação imposta em 2015 tinha vigência de um ano, mas a Controladoria disse que continuou investigando a ex-deputada nos anos seguintes.

"Muito mais do que inútil, esta suposta inabilitação é um grande erro. Isso se transformou em um verdadeiro bumerangue para o regime e estamos vendo as reações dentro e fora da Venezuela", estimou Machado.

Os Estados Unidos, que mantêm com o governo de Maduro uma velha disputa que inclui sanções financeiras e um embargo ao petróleo venezuelano, protestou pela medida contra Machado. A inabilitação também foi criticada pela OEA e pelo governo de esquerda da Colômbia.

Diversos setores dentro da oposição venezuelana, que é bastante dividida, também manifestaram solidariedade com a pré-candidata.

A Controladoria impôs sanções idênticas contra outros dirigentes como o duas vezes candidato à presidência Henrique Capriles e Guaidó, que fugiu para os Estados Unidos em abril.

Capriles também é candidato nas primárias, assim como Freddy Superlano, inabilitado após ganhar, em 2021, o governo de Barinas (oeste), estado natal do falecido ex-presidente socialista Hugo Chávez e que até então era governado por sua família.

"Com isso, eles conseguiram transformar as primárias na primeira etapa da disputa e da derrota de Maduro. Nesta primária de 22 de outubro, nós venezuelanos estamos enfrentando o regime", disse Machado.

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