Os motivos de Boulos para ter Marta Suplicy como vice na disputa pela Prefeitura de São Paulo
Ex-prefeita deixou a gestão Ricardo Nunes (MDB) para integrar chapa do líder sem-teto
A escolha de Marta Suplicy para a vice de Guilherme Boulos (PSOL-SP) reforça o que deve ser a principal estratégia de campanha do líder sem-teto: a criação de uma frente contra o bolsonarismo na cidade de São Paulo, o que, na prática, significa tentar repetir a polarização que marcou 2023.
A aposta de Boulos vai de encontro com a estratégia do prefeito e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), que, apesar de buscar o apoio de Jair Bolsonaro (PL), vai evitar transformar a disputa num terceiro turno entre o ex-presidente e Lula (PT).
Correligionários do psolista já trabalham a narrativa de que Marta deixou a gestão municipal em razão da aproximação de Nunes com Bolsonaro e que o retorno dela para o PT começou a ser construído em 2022, com o apoio à candidatura de Lula, e se consolidou agora. O PSOL e o PT pretendem lembrar que Marta se tornou secretária de Relações Internacionais na gestão de Bruno Covas (1980-2021), que foi um crítico de Bolsonaro e afirmou em 2020 que ele não agrega "valores democráticos".
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Há também um outro motivo para a escolha de Marta Suplicy na vice: a experiência administrativa da ex-prefeita. Uma das fragilidades exploradas por adversários na última eleição foi o fato de Boulos não ter ocupado um cargo público.
Agora, o líder sem-teto tem um mandato de deputado federal para chamar de seu, mas a falta de entregas seguia sendo uma preocupação da campanha, que agora se ameniza com a presença da ex-ministra na chapa. O parlamentar deve defender junto ao eleitorado marcas da gestão Marta em São Paulo, como o Bilhete Único e os CEUs.
Por último, a campanha de Boulos espera ampliar o diálogo com o empresariado por meio da ex-senadora e de seu marido, Márcio Toledo, reconhecido empresário, ex-presidente do Jockey Club.
Encontro no sábado
Marta deixou a gestão Nunes na última quarta-feira, após se reunir com o presidente Lula e aceitar ser vice de Boulos. A ex-prefeita já tem um encontro com o pré-candidato do PSOL marcado para sábado.
A ex-senadora deixou a prefeitura após três anos como secretária de Relações Internacionais e sob críticas do entorno de Nunes, que a acusa de trair o prefeito. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, Nunes questionou o fato de o palanque de Bolsonaro ter sido usado como justificativa para Marta migrar para o projeto adversário. Segundo o emedebista, a busca pelo apoio de Bolsonaro não é fato novo e era de conhecimento de Marta, a quem chamou de "conselheira".