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Mudança de partido

Os motivos que chancelam ida de Raquel Lyra ao PSD

Governadora está de saída do PSDB e deve formalizar nova filiação nas próximas semanas

Governadora de Pernambuco Raquel LyraGovernadora de Pernambuco Raquel Lyra - Foto: Miva Filho/Secom

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, deve formalizar nas próximas duas semanas sua saída do PSDB, junto a sua ida ao PSD. O anúncio é dado como certo por aliados, que já esperavam uma troca partidária após as eleições deste ano. Segundo articuladores, a governadora tinha o desejo de alavancar o quadro tucano antes de deixar a sigla. A notícia da desfiliação foi inicialmente divulgada pela repórter Naira Trindade, da coluna do Lauro Jardim.

A governadora participou de uma missão internacional ao longo da última semana, quando esteve em Portugal. Amanhã, ela se reúne com sua base aliada na Assembleia Legislativa, sob a expectativa de uma comunicação formal. Na Casa, três deputados estaduais são do PSDB, incluindo o líder de governo, Izaias Régis.

Os motivos para deixar o PSDB giram em torno da fragilidade do partido que, apesar de ter se tornado o maior em termos de prefeituras no estado, com 32 gestões, amarga uma dificuldade nacional. Com o objetivo de Lyra em concorrer à reeleição em dois anos, a sigla comandada por Gilberto Kassab a colocaria em uma posição de mais recursos partidários.

Após ter se consolidado como o partido com mais prefeituras do país e com 42 deputados federais, o PSD proporcionaria o triplo do tempo de televisão para a governadora. Tal estratégia seria importante já que a tudo indica que o enfrentamento deve ser contra o prefeito de Recife, João Campos (PSB). Seus aliados avaliam que João deve conseguir reunir toda a esquerda em uma coligação.

Além de recursos, também pesa para a decisão, a postura oposicionista do PSDB em relação ao governo federal. Como o GLOBO noticiou em março deste ano, Lyra já vinha pleiteando que a sigla se aproximasse de Lula (PT).

O pano de fundo para seu desejo de estar mais alinhada ao presidente é o contexto de Pernambuco, que elegeu o petista com 66,9% em 2022. Na ocasião, Raquel Lyra manteve a neutralidade no segundo turno. Hoje com três ministérios, o PSD integra a base.

Nos bastidores, a governadora já vem fazendo acenos ao PSD há algum tempo. Seu candidato na capital, o ex-secretário Daniel Coelho, foi filiado por ela na sigla e, hoje, comanda o diretório municipal em Recife. Procurado pela reportagem, Coelho disse desconhecer as tratativas, mas reforçou que "todo partido" gostaria de ter Raquel Lyra em seu quadro.

Apesar de seu ex-secretário ter sido derrotado nas eleições municipais, o PSD deu uma importante vitória para a governadora no pleito: a eleição de Mirella em Olinda, na região metropolitana de Recife. Lá, João Campos também se envolveu pelo petista Vinicius Castello, mas saiu derrotado, a poucos quilômetros de seu reduto eleitoral.

PSDB pego de "surpresa"
Procurado pela reportagem para comentar a eminente desfiliação, o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, disse ter sido pego de surpresa pelos burburinhos.

— Não tenho qualquer informação sobre esta especulação. Na última conversa que tivemos, após o segundo turno, ela demonstrou muito entusiasmo com o resultado do PSDB nas eleições municipais, quando o partido, sob o comando dela, se tornou a maior força política no estado — afirmou.

A fala do dirigente ocorre pelo partido ter crescido de cinco para 32 prefeituras no estado. Este número, para o PSD, é de 21 gestões. A migração, contudo, não é de ruptura: a expectativa é de que a governadora mantenha a base tucana consigo.

Procurada, a governadora Raquel Lyra não se manifestou até a publicação desta reportagem. O espaço permanece em aberto.

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