Conheça os principais desafios das eleições legislativas na Itália deste domingo (25)
A coalizão de direita liderava todas as pesquisas, com cerca de 45 a 47% das intenções de voto, contra 22% da coalizão de esquerda
As eleições legislativas de domingo (25) na Itália apresentam uma série de desafios em questões econômicas e políticas.
O que acontecerá com os bilhões de euros do fundo de recuperação pós-covid concedido à Itália pela UE? O apoio à Ucrânia continuará diante da invasão russa?
A seguir, os principais desafios:
Extrema direita no poder
A coalizão de direita - formada pelo partido pós-fascista Irmãos da Itália (Fratelli d'Italia, FDI) de Giorgia Meloni, a Liga de Matteo Salvini e Forza Italia (FI) do magnata Silvio Berlusconi - liderava todas as pesquisas, com cerca de 45 a 47% das intenções de voto, contra 22% da coalizão de esquerda - liderada pelo Partido Democrata (PD, centro-esquerda).
Segundo o acordo que vigora há anos entre os líderes dos partidos de direita, a formação mais votada será aquela que designará o candidato ao cargo de chefe de Governo.
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O FDI está à frente de seus aliados, com cerca de 24% das intenções de voto, contra 12% da Liga e 8% do Forza Itália, segundo as pesquisas.
Se a votação confirmar as pesquisas, significa que, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, a Itália, terceira maior economia da zona do euro e um dos países fundadores da União Europeia (UE), será governada por um primeiro-ministro que pertence a um partido político pós-fascista e eurocético.
Meloni e sua formação são herdeiros do Movimento Social Italiano (MSI), partido neofascista criado em 1946 após a Segunda Guerra Mundial por líderes que faziam parte da República de Saló, um Estado fantoche da Alemanha nazista.
Seus principais aliados na Europa são o partido de extrema direita espanhol Vox e o conservador e nacionalista polonês Lei e Justiça, que junto com o FDI fazem parte da bancada dos Conservadores e Reformistas Europeus (CRE) no Parlamento Europeu.
O que será dos fundos concedidos pela UE?
Devido à pandemia e à crise econômica, a Itália foi o país que mais se beneficiou do plano de recuperação europeu, com um pacote de cerca de 200 bilhões de euros para financiar projetos e estimular o crescimento.
Mas para obter esses fundos, Roma deve implementar uma série de reformas complexas previamente negociadas pelo ex-primeiro-ministro Mario Draghi.
Meloni alertou em várias ocasiões durante a campanha eleitoral que pretende renegociar com a Comissão Europeia as condições relativas à concessão desses fundos.
A Comissão não reagiu, como é habitual quando a campanha eleitoral está em pleno andamento.
No entanto, a posição eurocética e soberanista do seu partido desencadeia muitas incógnitas.
Se os termos e condições negociados não forem respeitados, o desembolso do dinheiro corre o risco de atrasos significativos.
Armas à Ucrânia e sanções contra a Rússia
Se a direita chegar ao poder, a posição italiana sobre a guerra na Ucrânia, a ajuda a esse país e as sanções internacionais contra a Rússia poderão ser repensadas.
Draghi encarnou a posição de uma Itália pró-europeísta e atlanticista, que enviou armas, apoiou a Ucrânia e aplicou rigorosamente sanções contra a Rússia.
Meloni também expressou apoio a essa linha, mas seu aliado, Matteo Salvini, um fervoroso admirador de Vladimir Putin e o segundo líder mais importante da coalizão de direita, discorda.
"As sanções não vão enfraquecer a Rússia. Pelo contrário, elas correm o risco de colocar a Itália e os países europeus de joelhos", disse ele recentemente.
Salvini também se opõe ao envio de mais armas para a Ucrânia e é a favor de negociações, sem especificar como.