são paulo

Pablo Marçal pode ter candidatura minada após racha no PRTB

Falta de ordem na legenda é apontada por adversários como possível entrave para a oficialização da chapa do ex-coach Pablo Marçal

Pablo MarçalPablo Marçal - Foto: Divulgação

O PRTB, partido que pretende lançar Pablo Marçal como candidato a prefeito de São Paulo, acumula brigas pelo seu comando que são discutidas há anos na Justiça.

A falta de ordem na legenda é apontada por adversários de Marçal como possível entrave para a oficialização da candidatura dele, já que a sigla precisará se unir para lançar o seu nome durante as convenções partidárias, que precisam ser feitas entre o próximo dia 20 e 5 de agosto. As candidaturas devem ser lançadas até 15 de agosto.

Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu uma assembleia que havia sido convocada por membros do partido para destituir a atual executiva nacional, em mais um capítulo de uma disputa interna que se arrasta desde 2021, quando Levy Fidelix, o fundador do partido morreu.

Ainda pesa sobre a pré-candidatura do ex-coach o fato de que, como o PRTB não elegeu nenhum deputado federal em 2022, ele não terá tempo de TV e as emissoras não precisam convidar Marçal a debates, a não ser que sejam feitas coligações com outras siglas.

Marçal tem conversado com lideranças do União Brasil nas últimas semanas. Devido à baixa representação no Congresso, o PRTB também tem um fundo eleitoral reduzido para a campanha deste ano, de apenas R$ 3,4 milhões.

Desde fevereiro, o presidente do PRTB é Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, mas ainda há um grupo insatisfeito com sua eleição que tem tentado destituí-lo. Foi Avalanche quem negociou a candidatura de Marçal, e um eventual enfraquecimento dele dentro da sigla colocaria em xeque os planos eleitorais do ex-coach.

A legenda enfrenta disputas pelo comando desde 2021. Inicialmente, Júlio Cezar Fidelix da Cruz (irmão de Levy) foi escolhido para assumir a executiva nacional, mas houve questionamentos de outros integrantes, entre eles Aldineia Fidelix, viúva do político que tinha como principal bandeira a construção do chamado “aerotrem”.

Em dezembro de 2023, o TSE determinou uma intervenção temporária no partido até a realização de uma nova assembleia, em fevereiro de 2024. A assembleia foi realizada e, dessa vez, o eleito foi Leonardo Avalanche.

Entretanto, a disputa não parou por aí e um grupo que se coloca como fundador do partido, que inclui Júlio Cezar Fidelix, ainda questiona o resultado.

O caso virou briga no TSE, com acusações de falsificações de assinaturas de filiados e fraudes no processo eleitoral interno. Há, inclusive, processos na Justiça que apuram a inserção de dados falsos no sistema do tribunal e casos de pessoas que alegam ter sido desfiliadas às vésperas das assembleias para serem impedidas de votar.

Em junho, o grupo convocou uma assembleia para “destituir a executiva nacional”. Avalanche então acionou o TSE pedindo o cancelamento dessa assembleia, e seu pedido foi aceito pelo tribunal no último dia 1º. Assim, por ora, ele segue no comando.

Viúva fala em acordo
Karina Fidelix da Cruz, filha e advogada de Aldineia, afirma que foi feito um acordo entre sua mãe e Avalanche para que comandassem juntos o partido, o que, segundo Karina, não foi cumprido.

— No acordo, nós temos seis cargos dentro da executiva — afirmou a advogada ao GLOBO. — Quem trouxe essa pré-candidatura (de Marçal) foi exclusivamente o Leonardo, e no PRTB o estatuto não permite que um presidente tome decisões unilaterais porque tudo é feito por meio da comissão executiva, na minha visão foi tudo de forma irregular, em afronta ao estatuto.

Questionado sobre acordo, Avalanche não respondeu:

— O partido não passa por nenhuma rusga política interna. Estamos todos alinhados, temos um diretório nacional e estadual forte e coeso.

Em meio à disputa, houve registros de boletins de ocorrência e “presidente fake” nas redes sociais. No mês passado, o marqueteiro Michel Winter, filiado ao PRTB, acusou Avalanche de tê-lo ameaçado de morte. Em postagens, Winter não detalhou as acusações, mas disse ter registrado denúncia na Superintendência Regional de Polícia Federal em Minas Gerais.

Até junho, um homem chamado Tarcísio Escobar, que só comandou o PRTB por alguns dias, seguia se apresentando nas redes como presidente da sigla. Escobar já foi condenado por furto e estelionato e foi acusado de ameaçar a ex-mulher, mas o partido informa que ele não tem qualquer posição de comando.

O PRTB também estava, até junho, com problemas no diretório paulista, que chegou a ficar com o comando inativo por algumas semanas. Agora, Avalanche acumula os cargos de presidente nacional e estadual, enquanto Marçal virou o primeiro vice-presidente.

Hoje, a sigla tem uma situação regular: tanto o diretório nacional quanto os diretórios estadual e municipal de São Paulo têm presidentes, vice-presidentes e outros cargos registrados na Justiça Eleitoral.

Em 2022, Marçal enfrentou problemas para disputar pelo PROS a Presidência e acabou desistindo. À época, o TSE cancelou a candidatura após anular a convenção que lançou o ex-coach. A sigla havia mudado o comando, que optou por apoiar Lula. Marçal recorreu, sem sucesso, da decisão.

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