BRASIL

Pacheco rebate Zema, defende "união nacional" e diz que Minas não pratica a "cultura da exclusão"

Governador de Minas afirmou em entrevista que Sul e Sudeste vão buscar protagonismo econômico e comparou a região Nordeste a "vaquinhas que produzem pouco"

Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) - Foto: Reprodução / TV Senado

Em indireta ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta segunda-feira que o estado não prática a “cultura do exclusão”. Em manifestação no Twitter, o senador acrescentou ainda que “dedica apreço e respeito ao valoroso povo do Norte e Nordeste”.

“Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo. Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país.”

Zema, em entrevista ao jornal "Estado de S. Paulo", disse que o bloco Cossud (Consórcio Sul-Sudeste) vai buscar esse protagonismo, e comparou a região Nordeste com “vaquinhas que produzem pouco". A declaração gerou reação do consórcio de governadores do Nordeste. O pano de fundo é a discussão em torno da Reforma Tributária, que tramita no Senado.

Na entrevista ao "Estado de S. Paulo", Zema vê os estados do Sudeste em desvantagem:

— Está sendo criando um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade...Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década — declarou.

Ainda na entrevista, o governador de Minas compara a situação dos estados a produção das vacas:

— Se não você vai cair naquela história do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco, as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento.
 

Reação em bloco
O consórcio de governadores do Nordeste, presidido pelo governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), afirmou que a fala de Zema representa “um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste” e lembrou que esses estados da Federação vêm sendo “penalizados ao longo das últimas décadas” nos projetos nacionais de desenvolvimento.

“Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de ‘O Brasil que cresce unido’. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”, disse em nota o Consórcio.

O grupo também declarou que as falas do governo de Minas Gerais indicam “uma guerra entre regiões”. “É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”, citam.

Além do consórcio, governadores e parlamentares da região repudiaram as falas de Zema, principalmente por pregar a cisão entre as regiões. Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) afirma que a desigualdade extrema é uma "mancha" na história social brasileira, e que é papel das lideranças discutir soluções para elevar o desenvolvimento.

— Qualquer manifestação que chame à divisão só acirra o enfrentamento em um momento que o país precisa de união. Nordeste é parte da solução do país e deve receber atenção nas discussões federativas por tanto tempo de descaso e indiferença. Os nossos pleitos não vão além do que é justo diante de uma construção histórica tão conhecida — disse Raquel Lyra.

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