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Afastamento de Juscelino

Padilha contraria Gleisi Hoffmann: "Já vi muita gente ser afastada por prejulgamentos injustos"

Ministro de Relações Institucionais faz contraponto a presidente do PT sobre situação de Juscelino Filho

Alexandre PadilhaAlexandre Padilha - Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, pregou cautela nesta sexta-feira (3) em relação a um possível afastamento de Juscelino Filho, titular das Comunicações, contrariando a sua correligionária, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A petista defendeu a saída temporária do aliado. Padilha disse ao Globo que já houve casos "injustos" de prejulgamento, inclusive com integrantes do Partido dos Trabalhadores.

Na segunda-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá uma conversa com Juscelino para que ele preste esclarecimentos sobre denúncias de desvio de conduta.

"Como disse o presidente Lula, todos os ministros e ministras, independentemente do partido, têm direito a presunção de inocência. O que se espera de todos eles é que tenha espaço para sua defesa. E tenho certeza que o farão, sem prejulgamentos. Já vi muita gente ser afastada por prejulgamentos injustos, inclusive companheiros do PT", disse Padilha ao Globo.

A situação do ministro do União se deteriorou após a publicação de uma série de reportagens do "Estado de S. Paulo". Juscelino Filho utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar a São Paulo, onde participou de leilões de cavalo — ele também recebeu diárias relativas ao período, embora só tenha cumprido duas horas de agendas relativas ao cargo no estado. Juscelino também foi beneficiado de obra de asfaltamento, financiada pelo orçamento secreto, para pavimentar estrada que dá acesso a uma propriedade sua no Maranhão.

Mais cedo, Gleisi afirmou que a saída de Juscelino seria uma oportunidade para o ministro poder explicar o que ocorreu. Em entrevista ao "Metrópoles", a presidente do PT disse ainda que a medida impediria "o constrangimento de parte a parte".

"Olha, em situações como essa, eu acho que o ministro devia pedir um afastamento para poder explicar, justificar, se for justificável o que ele fez. Isso impede o constrangimento de parte a parte", declarou Gleisi.

Na quinta-feira, em entrevista à "BandNews FM", Lula comentou sobre a situação de ministros do seu governo que vêm sendo alvo de denúncias.

"Se ele não conseguir provar a inocência, ele não pode ficar no governo", afirmou Lula, acrescentando que solicitou a Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, que marcasse uma reunião com o ministro das Comunicações.

União Brasil em situação delicada
Deputado federal, Juscelino Filho foi indicado para o Ministério das Comunicações em negociação encabeçada pelo presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), e pelo senador Davi Alcolumbre (AP).

A sua nomeação e a de outros dois ministros da sigla — Daniela Carneiro (Turismo) e Waldez Góes (Integração Nacional) — gerou uma crise na bancada. Não houve aval dos parlamentares do partido na Câmara para a ocupação do espaço no governo. Os deputados queriam a indicação de Elmar Nascimento (BA) para Integração Nacional.

Para contornar o problema, o governo garantiu a influência do partido e de Arthur Lira (PP-AL) sobre a Codevasf (estatal comandada pelo Centrão e irrigada pela verba do orçamento secreto nos últimos anos).

Na semana passada, em reunião esvaziada da bancada, parlamentares cobraram o debate da situação da legenda: se será governo ou oposição. A bancada está rachada e parte significativa não concorda com a condução dos rumos. Como Elmar Nascimento não estava presente — voltava de Las Vegas com Lira —, a conversa foi adiada.

Neste cenário, segundo parlamentares do União, a saída de Juscelino provocaria um novo problema. Ou seja, abriria o debate para a substituição em meio a uma batalha interna.

Enquanto o problema se acentuava, Juscelino Filho cumpria agenda no exterior. De Tel Aviv (Israel), onde o ministro participava de seminário sobre o 5G, aliados disseram ao Globo que não há qualquer fato para justificar sua demissão. Além disso, um deles reforçou que o governo, para ter maioria, "precisa ser mais de centro".

De acordo com o mesmo parlamentar que participou da comitiva junto com o ministro, Gleisi está perdendo a razão ao ser "muito agressiva".

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