Papa Francisco diz que Lula foi condenado sem provas e que Dilma é "mãos limpas"
Religioso foi entrevistado pelo canal argentino C5N antes de ser internado por dificuldade respiratória
Em entrevista à TV argentina C5N, o papa Francisco voltou a afirmar nesta sexta-feira (31) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi condenado sem provas. O pontífice disse ainda que foi injusto o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, e que ela é "mãos limpas" e uma "excelente mulher".
Ao ser questionado sobre o chamado lawfare — conceito que significa uso abusivo da Justiça para fins políticos, que é usado pelo PT para criticar a atuação da força-tarefa da Lava-Jato — na América Latina, o papa lembra a condenação do petista.
— "O lawfare abre caminho nos meios de comunicação. Deve-se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal os desqualifica e metem ali a suspeita de um crime. Então, faz-se todo um sumário, um sumário enorme, onde não se encontra [a prova do delito], mas para condenar basta o tamanho desse sumário. 'Onde está o crime aqui?' 'Mas, sim, parece que sim...' Assim condenaram Lula — observou em entrevista realizada antes da internação para tratar falta de ar provocada por bronquite.
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Em seguida, o líder católico pergunta sobre o que aconteceu com Dilma Rousseff. E ele mesmo responde, após o jornalista dizer que a ex-presidente foi destituída por "um ato administrativo menor".
— Não puderam (comprovar) Uma mulher de mãos limpas, uma excelente mulher.
Os processos contra Lula foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021 por questões técnicas: o juiz Sergio Moro, hoje senador eleito e então responsável pelo caso, foi considerado parcial para punir Lula e os processos deveriam tramitar no Distrito Federal, não no Paraná.
Dilma foi afastada definitivamente do cargo no dia 31 de agosto de 2016, após seis dias de julgamento no Senado Federal, por 61 votos pelo impeachment contra 20. A consumação do processo aconteceu nove meses depois dele ter sido aberto pelo então presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ). Em votação anterior, entre os deputados federais, 367 parlamentares foram favoráveis ao impeachment, contra 137.
Para os parlamentares, a ex-presidente cometeu crime de responsabilidade contra a lei orçamentária ao atrasar repasses do governo para bancos públicos, prática conhecida como pedaladas fiscais. Dilma foi a segunda presidente a não concluir o mandato após a redemocratização. Além dela, o ex-presidente Collor também sofreu um processo de impeachment em 1992.