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Para Ciro Nogueira, Gonçalves Dias "tinha que estar preso" e CPMI fará "máscara" do governo cair

Ex-ministro de Bolsonaro diz que houve 'conivência' por parte das forças de segurança na invasão de 8 de janeiro

Ciro NogueiraCiro Nogueira - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, defendeu nesta segunda-feira (24) a prisão de Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula flagrado sem reagir à invasão de manifestantes antidemocráticos ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro.

Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, Ciro confundiu o comportamento de GDias (como o ex-ministro do GSI é conhecido) com o do capitão do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira, filmado distribuindo água a alguns manifestantes durante a invasão:

"Eu acho que esse general tinha que estar preso, por aquelas imagens. Um general que está lá, comandando, servir água para invasor? Estava envolvido com aquilo ali. O general que comanda o GSI que não age, que não convoca sua tropa para reprimir… Não é papel de um comandante permitir que se destrua o palácio, principalmente não convocar as forças e ter 18 homens para proteger o Palácio do Planalto. Eu que convivi ali esse período todo, isso é inadmissível, é imperdoável."

O ex-ministro declarou que “não se invade o Palácio do Planalto se não tiver a conivência de quem o protege” e atribuiu responsabilidade ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, além do ex-chefe do GSI.

Perguntado sobre a falta de ação da Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal, à época comandada pelo ex-ministro bolsonarista Anderson Torres, Ciro lembrou que o secretário “estava de férias” naquele dia. Reconheceu que a segurança “também” era responsabilidade da pasta comandada por Torres, mas disse que a apuração “ficou concentrada” em apenas um alvo:

"Só tem um secretário de segurança preso. As outras não foram esclarecidas até agora."

Ciro Nogueira celebrou a iminente instalação de uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar os atos de 8 de janeiro no Congresso. Disse que o colegiado, defendido desde o início pela oposição e agora também apoiado por governistas, irá “esclarecer quem são os culpados”.

"Vai cair a máscara, a CPI vai acontecer e nós vamos saber quem foram as pessoas que foram avisadas do que ia acontecer e não tomaram as providências. Houve incompetência das pessoas que estavam à frente das forças de segurança" disse o senador, que assegurou que “não vai proteger ninguém” na CPMI.

Bolsonaro "imbatível"
O ex-ministro disse não ver razões para Bolsonaro ser declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por conta de seus ataques à integridade do sistema eleitoral brasileiro em reunião com embaixadores. O processo, o mais avançado dentre os 16 contra o ex-presidente no TSE, teve parecer favorável à condenação de Bolsonaro por parte da Procuradoria-Geral Eleitoral.

Para Ciro Nogueira, o ex-presidente se tornaria eleitoralmente “imbatível” caso venha a ser condenado, ao seu modo de ver, injustamente:

"Sabe qual a grande dúvida se vão cassar o Bolsonaro ou não? É que vão tornar o Bolsonaro imbatível. Se o Bolsonaro já elegeu a quantidade de pessoas que ele elegeu, imagine ele injustiçado por conta de uma reunião com embaixadores. Pelo amor de Deus. (...) Você acha que as pessoas vão admitir isso? Deixar um grande líder para que a população não tenha o direito de votar nele?"

Posição do PP no Congresso
Apesar de ser um fiel defensor do ex-presidente, Ciro disse “não se considerar um bolsonarista”. “Acho até o contrário, acho que foi o Bolsonaro que se tornou progressista”, complementou.

O senador afirmou que fará no Congresso uma “oposição que quer discutir, que quer aprimorar” as propostas que o governo enviar aos parlamentares, e que seu partido, o PP, não fará uma oposição “contra tudo e contra todos”. Assim, Ciro deixou aberta a possibilidade de instruir o partido a apoiar a aprovação do novo arcabouço fiscal proposto pelo governo Lula caso sejam feitas mudanças tidas como necessárias pelo ex-ministro.

Perguntado sobre o que acha de parlamentares de seu partido aceitarem verbas do governo por meio de emendas, Ciro disse que “não acha errado”, mas que isso não pode ser feito “em troca” do apoio do parlamentar. “Quem vai usufruir é a população”, afirmou.

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