Opinião

Para Maia, quem não quiser tomar vacina contra a Covid-19 deve sofrer alguma restrição

Em entrevista, ele usou medidas adotadas na Austrália, Estados Unidos e França como exemplos

Rodrigo Maia em entrevista pós-reunião na sede da SeplagRodrigo Maia em entrevista pós-reunião na sede da Seplag - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou, nesta segunda-feira (2), que há caminhos que podem ser seguidos por países que não querem tornar obrigatória a vacinação contra a Covid-19, como a imposição de restrições àqueles que não quiserem se imunizar.

Maia abordou a obrigatoriedade de vacinação, criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em uma videoconferência do jornal Valor. Na opinião do deputado, o debate exige cautela. 

"Eu respeito a posição do presidente, já disse a ele duas vezes que a gente deveria sentar e construir uma solução. Outros países deram solução para esse tema", afirmou. 

Ele citou especificamente os casos de Austrália, Estados Unidos e França, que restringiram acesso de crianças não vacinadas a escolas. "Então tem alguns caminhos que você pode não obrigar, mas você pode restringir o acesso a alguns equipamentos públicos. Ou então tem muitas decisões que, para você entrar num país, você tem que tomar algumas vacinas.”

Maia reiterou que Executivo e Legislativo deveriam construir um caminho para evitar que o assunto seja resolvido pelo Judiciário. "E aí fica todo mundo reclamando 'ah, o Judiciário resolveu'. Óbvio, nós não resolvemos. Mas acho que precisa ser uma construção entre o poder Executivo e o Legislativo e nós tirarmos esses conflitos entre o presidente da República e o governador de São Paulo [João Doria] da pauta", complementou.

O deputado afirmou que, em vez desse embate, a verdadeira pauta deveria ser quais as melhores condições para que, quando uma vacina for aprovada, todos os brasileiros possam ser imunizados. "E, a partir desse momento, aqueles que não queiram tomar a vacina, é óbvio que alguma restrição deve ocorrer", afirmou.

Maia também rebateu as críticas à China e lembrou que o país é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. "Agora imagina se em todos os setores da economia nós fôssemos vetar a China? Vamos começar pelo agronegócio. O que aconteceria com a economia brasileira com um 'estamos proibidos de exportar para a China os produtos brasileiros do agronegócio'?", questionou. "É uma relação estrutural dos dois países.”

Segundo ele, a discussão é "muito ideológica". "Parece que você polariza, você agrega eleitores de um lado porque você faz esse conflito histórico com o comunismo, com a China, que não leva a lugar nenhum", complementou.


Maia afirmou que o importante é o país ter "uma, duas, três vacinas aprovadas". "E todas elas vão ter de alguma forma que trazer os insumos da China", ressaltou. "Então o importante é que a gente possa construir um caminho para que a vacina seja primeiro aprovada e depois possa chegar à casa de todos os brasileiros para que a gente possa voltar minimamente ao normal."

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