Para reduzir resistência a Bia Kicis na CCJ, PSL deve abrir mão da comunicação da Câmara
Também nesta segunda, em reunião com Kicis, Lira manteve seu apoio à deputada
Na tentativa de reduzir a resistência à indicação da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) ao comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o PSL deve abrir mão do controle da Secom (Secretaria de Comunicação) da Câmara dos Deputados.
A sinalização inicial feita pelo presidente Arthur Lira (PP-AL) era de que a estrutura de comunicação fosse comandada pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). A queixa de parlamentares do centrão, porém, de que a sigla ficaria com dois cargos de destaque foi avaliada pelo PSL como um fator que poderia atrapalhar Kicis.
Para evitar eventuais retaliações, Zambelli não deve mais assumir a Secom. Segundo relatos feitos à reportagem, o assunto foi tratado em conversa com Lira nesta segunda-feira (22). O posto, hoje ocupado pela deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), deve ser oferecido a um partido do centrão.
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Também nesta segunda, em reunião com Kicis, Lira manteve seu apoio à deputada. Nas últimas semanas, ela tem evitado declarações polêmicas e feito uma peregrinação pelos gabinetes de parlamentares em busca de apoio.
O movimento de resistência a Kicis conta com o respaldo tanto de parlamentares que apoiaram a eleição de Lira, como Republicanos e PSD, quanto de legendas que se aliaram ao bloco derrotado, como DEM, Cidadania, PC do B e PDT.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é defensor da candidatura de Kicis para fazer avançar pautas legislativas conservadoras, mas ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) têm pressionado pela escolha de um nome que seja mais moderado para a função.
No início do mês, Lira foi procurado por interlocutores de ministros do Supremo. Eles avisaram que a corte considera uma ofensa a indicação de Kicis, investigada no inquérito das fake news e que já criticou em mais de uma oportunidade o STF.
Segundo relatos feitos à reportagem, Lira chegou a consultar deputados do PSL sobre a possibilidade de uma mudança de nome para a CCJ, o que foi recusado pelo grupo bolsonarista do partido.
A insistência dessa ala da sigla deve-se a uma estratégia de Bolsonaro de fazer avançar pautas conservadoras.
A indicação de Kicis fez parte de um acordo dentro do PSL que teve como contrapartida o aval da bancada ao nome de Luciano Bivar (PE), presidente da legenda, como primeiro secretário da Câmara.
Além do apoio à procuradora aposentada na busca pelo comando da CCJ, a negociação envolveu a entrega da liderança do PSL ao ex-líder do governo na Câmara Major Vitor Hugo (GO).