Pazuello sai em defesa de ex-assessor preso pela PF por plano de matar Lula, Alckmin e Moraes
Fernandes exercia um "cargo de Natureza Especial" e tinha salário aproximado de R$ 15.600
O deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ) defendeu o general da reserva Mário Fernandes, ex-funcionário do seu gabinete na Câmara, preso pela Polícia federal nesta terça-feira com outros três militares e um policial federal em uma operação que apura um suposto plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2022.
As medidas de hoje foram cumpridas como parte do inquérito que apura se houve uma tentativa de golpe de Estado após o resultado da eleição.
Em nota, Pazuello afirmou que Fernandes "trabalhou em seu gabinete como assessor de 28 de março de 2023 a 04 de março de 2024, quando foi identificado seu impedimento para exercer o cargo".
Pazuello disse que só tomou conhecimento da operação por meio da imprensa, mas "reafirma sua crença nas instituições do país e na idoneidade do General Mário Fernandes, na certeza de que logo tudo será esclarecido". Fernandes exercia um “cargo de Natureza Especial", segundo a transparência da Câmara, o que lhe daria um salário aproximado de R$ 15.600.
Leia também
• Suposto plano previa Heleno e Braga Netto no comando de "gabinete de crise" após morte de Lula
• Lula e Alckmin: data para assassinato seria 15 de dezembro de 2022
• Plano para matar Lula só não ocorreu por detalhe, diz Pimenta
Ao todo, foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva e três mandados de busca e apreensão. Além disso, há 15 medidas, como a proibição de contato entre os investigados, a entrega de passaportes em 24 horas e a suspensão do exercício de funções públicas. Além de Fernandes, foram presos os militares Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, integrantes dos “Kids pretos” — membros das Forças Especiais. Além dos militares, o policial federal Wladimir Matos Soares também foi detido.
O general da reserva Mário Fernandes foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, segundo posto mais importante da pasta. Na gestão passada, Fernandes chegou a assumir o cargo de ministro interinamente. Ele foi assessor no gabinete de Eduardo Pazuello (PL-RJ) na Câmara dos Deputados entre 28 de março de 2023 a 04 de março de 2024. Pazuello foi ministro da Saúde no governo Bolsonaro.
O militar fazia parte do grupo de elite do Exército. A PF investiga mensagens que ele enviou ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, pedindo adesão ao plano golpista, rechaçado pelo general. A investigação da corporação também apontou que o general imprimiu no Palácio do Planalto o "plano operacional" que visava assassinar Moraes, Lula e Alckmin. Segundo a PF, o plano foi denominado de "Punhal Verde e Amarelo", continha três folhas e foi impresso no gabinete da Secretaria-Geral.
Fernandes já havia sido alvo de mandado de busca e apreensão na Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro. Fernandes estava na reunião gravada em vídeo em que o então presidente Bolsonaro instruía os seus ministros a agirem contra o sistema eleitoral brasileiro. Na delação firmada com a Polícia Federal e homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid define o general Mário, seu nome de guerra, como um dos militares mais radicais do núcleo golpista e defensor “incisivo” de um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.
A investigação, segundo a PF, indica que os kid pretos utilizaram conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas durante os meses de novembro e dezembro de 2022.
O “Punhal Verde e Amarelo" previa, para o dia 15 de dezembro de 2022, o homicídio dos candidatos eleitos à Presidência e Vice-Presidência da República. Além disso, a ação incluía a prisão e execução do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que estava sendo monitorado como parte da trama golpista.
O plano golpista também previa a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, que seria integrado pelos próprios envolvidos, para gerir os conflitos decorrentes das operações.
O cumprimento dos mandados contou com o acompanhamento do Exército Brasileiro e ocorreu nos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e no Distrito Federal.
A PF apura se os envolvidos no esquema praticaram os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.