Perspectivas 2025: Um ano de mobilizações para a disputa de 2026
O ano será marcado por articulações de lideranças e partidos para fortalecer projetos de olho em 26
O ano de 2025 mal começou e os olhos já estão voltados para 2026. Como este não é um ano eleitoral, os próximos meses serão uma janela para as articulações e fortalecimento de lideranças e partidos para o ano seguinte. Nesta reportagem, a Folha de Pernambuco detalha os cenários e desafios para os espectros da política brasileira neste ano.
Esquerda
Desde o retorno da esquerda ao poder no pleito de 2022, o campo progressista enfrenta dificuldades para construir uma narrativa unificada. A coexistência entre pautas trabalhistas e demandas identitárias gera conflitos internos.
“Conflitos com movimentos identitários dificultam a construção de uma narrativa unificadora, alienando eleitores tradicionais e setores populares”, afirma o cientista político Arthur Leandro.
A dificuldade em manter políticas sociais em meio a dificuldades fiscais também é um desafio para o Governo Lula. A fragmentação do campo progressista representa um desafio significativo para manter e expandir sua base eleitoral até 2026.
Há, também, uma preocupação em relação à saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden teve que retirar sua candidatura após questionamentos sobre seu estado de saúde. No Brasil, segundo o pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e professor de ciências sociais da Universidade de Pernambuco (UPE), Juliano Domingues, a chance do petista não ser candidato é pouco provável.
“Diante do quadro atual, parece pouco provável ele não concorrer. E se isso vier a acontecer, o candidato mais provável é (o vice-presidente Geraldo) Alckmin (PSB), embora ele não possa ser classificado propriamente como um ‘candidato da esquerda’, mas poderia sim ser o candidato de Lula. O candidato da esquerda é (o deputado federal) Guilherme Boulos (PSOL)”, argumentou.
Direita
Na outra ponta, o principal desafio da direita reside na reorganização interna diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – que insiste que será candidato em 2026. Além disso, o ex-presidente e seus aliados são alvos de investigações judiciais. Apesar disso, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e a ascensão de Javier Milei na Argentina impulsionam narrativas conservadoras, reforçando uma tendência global à direita.
“Existe uma tendência, com esse discurso de empreendedorismo, do trabalhador se identificar mais com a classe patronal. Há um desejo romantizado de um dia ser patrão. Isso desune a classe trabalhadora”, disse o historiador Filipe Domingues.
Neste cenário, o maior líder da direita brasileira, Jair Bolsonaro, segue se mobilizando, nos bastidores, para reverter a inelegibilidade. Entretanto, o cenário atual faz novos nomes se articularem para representar a ala antipetista em 2026.
Um personagem que tem tentado ocupar esse espaço é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL). Outro nome que tenta se projetar é o coach Pablo Marçal (PRTB), com forte presença digital e bom desempenho nas últimas eleições municipais de São Paulo.
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Pernambuco
Em Pernambuco, o ano deve ser marcado pela corrida velada entre o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e a governadora Raquel Lyra (PSDB), ambos cotados para disputar o Palácio das Princesas em 2026. “Os dois têm uma condição privilegiada para um gestor público, que é ter recurso em caixa para executar as obras”, pontua a cientista política Priscila Lapa.
Raquel, ao longo de 2024, consolidou entregas importantes em áreas como segurança e habitação.
“Raquel Lyra tem um palanque amplo. Ela conseguiu ajustar um pouco mais a sua capacidade de agregação política com a eleição de 2024 fazendo alianças importantes, e conseguindo vitórias, inclusive, na região metropolitana”, defende Lapa.
Já João Campos investe na expansão de sua visibilidade política além da Região Metropolitana do Recife. No entanto, para 2025, o desafio será consolidar sua presença no interior do estado e articular alianças estratégicas para fortalecer uma possível candidatura ao Palácio do Campo das Princesas.
“João Campos se tornou uma das referências da nova geração política do Brasil com sua capacidade de ter uma linguagem atualizada que se comunique com diversos segmentos da sociedade com a grande capacidade e habilidade de se comunicar, principalmente considerando os meios digitais”, diz a cientista.
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