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PF apura repasses de cota parlamentar para a empresa de irmã de assessor de Carlos Jordy

Após operação, parlamentar se declarou vítima de perseguição

Deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) Deputado Carlos Jordy (PSL-RJ)  - Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A Polícia Federal investiga repasses da cota parlamentar dos deputados federal Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) a uma empresa que está no nome da irmã de um secretário parlamentar de Jordy. A empresa, Alfa Auto Car Locação de Veículos, que antes se chamava Harue Locação de Veículos, e assessores dos dois parlamentares foram alvos de mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, nesta quarta-feira.

Segundo os registros da Receita Federal, a empresa tem como sócia a administradora Rosileide de Souza Santana Rocha. Ela é irmã de Itamar de Souza Santana, que é secretário parlamentar de Jordy desde 2020. Nas redes sociais, ele se apresenta como "presidente do PL em Formoso do Rio Preto (BA), chefe de gabinete na Câmara dos Deputados e formado em gestão pública".

 

Procurados, o deputado Jordy e o assessor dele não se pronunciaram. Rosileide não foi localizada. A empresa, por sua vez, não quis se manifestar. A reportagem foi até a sede da locadora situada em um coworking na Asa Sul, em Brasília, mas ninguém respondeu aos contatos.

Ao Globo, o deputado Sóstenes Cavalcante (PSL-RJ) explicou que assinou o contrato pelo "menor preço de mercado" com a locadora antes de ela pertencer à Rosileide. A empresa foi comprada por ela em abril, e o contrato foi assinado em janeiro de 2024.

– Soube dessa informação hoje (sobre a propriedade da empresa), mas o antigo dono não tinha nenhum vínculo e o contrato foi assinado com ele. Não tem nenhuma irregularidade. No ano que vem, quando for assinar o contrato, vou reavaliar. Eu escolhi a empresa pelo preço mais baixo - R$ 4.500 por mês – explicou Sóstenes. O deputado é o favorito para assumir a liderança do PL no ano que vem e viu a operação da PF como uma forma de intimidação. O motorista de Sóstenes é cunhado da dona da empresa.

– Eu não tenho o que temer. Eu sou uma pessoa de conduta ilibada e séria. Podem revirar a minha do jeito que quiser que eu não vou recuar – acrescentou o parlamentar.

Segundo o Portal da Transparência da Câmara, os gabinetes de Jordy e Sóstenes gastaram R$ 584 mil de cota parlamentar com a empresa entre janeiro de 2019 e dezembro de 2024 - em torno de R$ 4 mil por mês.

Em sessão no plenário da Câmara dos Deputados nesta manhã, Jordy se declarou vítima de perseguição e classificou a operação como "mais um avanço no abuso de autoridade por parte desse consórcio que vem governando o nosso país".

— Fizeram uma busca e apreensão em assessores ligado a mim e ao futuro líder do PL, Sóstenes, por um suposto uso irregular, desvio de cota parlamentar — afirmou ele.

A PF apura os supostos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os mandados foram cumpridos nos estados do Rio de Janeiro, Tocantins e Distrito Federal. Além da locadora, a mulher aparece como proprietária de um mercado em Aurora do Tocantins (TO).

A operação recebeu o nome de Rent a Car - o nome fantasia da empresa é Mobile Rent a Car. Em nota, a PF diz que a locadora era usada para simular contratos de prestação de serviços. Os deputados negam qualquer irregularidade.

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