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BRASIL

PF contrapõe versão de Damares sobre avião com maconha, que pertence à igreja do tio da senadora

Corporação não cita suposto alerta de grupo religioso e afirma que a operação ocorreu 'a partir de informações de inteligência do Núcleo de Polícia Aeroportuária'

Ministra DamaresMinistra Damares - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Direitos Humanos

A Polícia Federal contrapôs a versão apresentada por Damares Alves (Republicanos-DF) e pela Igreja do Evangelho Quadrangular do Pará — liderada pelo ex-deputado federal e pastor Josué Bengtson, tio da senadora e um dos responsáveis pelo ingresso dela na política — sobre a apreensão de 290kg de maconha em um avião que pertence ao grupo religioso. Tanto a parlamentar quanto a igreja afirmaram que a droga foi encontrada, no último sábado, no Aeroporto de Belém, após membros da entidade alertarem as autoridades.

Segundo a corporação, porém, a operação ocorreu "a partir de informações de inteligência do Núcleo de Polícia Aeroportuária da PF", sem qualquer informação sobre o suposto alerta por parte dos envolvidos. Fontes acrescentam que a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) já vinham monitorando a aeronave anteriormente.

No texto enviado a jornalistas após o caso vir à tona, Damares Alves confirmou que "o ex-deputado federal Josué Bengtson é seu tio" e pontuou que "tomou conhecimento" sobre a operação "através da imprensa", já nesta segunda-feira. A senadora frisou que "entrou em contato com a família e foi informada de que a denúncia à Polícia Federal sobre uma carga suspeita carregada na aeronave foi realizada pelos responsáveis pelo avião, ou seja, pela própria Igreja".

Já a Igreja do Evangelho Quadrangular do Pará disse ter recebido "com surpresa" a notícia "do envolvimento do monomotor Bonanza, de sua propriedade, com carga não autorizada". "Ao tomar conhecimento, imediatamente, a Igreja do Evangelho Quadrangular do Estado do Pará acionou a Polícia Federal, que efetuou a prisão de uma pessoa e apreendeu a carga", informou o grupo religioso.
 

De acordo com a PF, "soube-se que havia um carregamento de entorpecente com plano de voo a Petrolina", em Pernambuco. "Minutos antes da decolagem, prevista para 7h30, o responsável pela droga foi abordado, enquanto caminhava do pátio à aeronave", relatou a corporação.

"A droga ocupava todo o espaço que sobrava na aeronave, além dos assentos para um passageiro e o piloto. O forte odor indicava que o avião já estava carregado havia horas, no aguardo da decolagem", descreve ainda a nota da Polícia Federal.

O piloto da aeronave, que acabou apreendida, foi liberado pela PF, já que não foi constatada participação do profissional no crime. A corporação não divulgou a identidade ou informações adicionais sobre o suspeito preso.

Paulo Bengtson, filho de Josué e também ex-deputado federal, relatou ao G1 que o avião é usado há cerca de três anos pela Igreja Quadrangular do Pará para transportar pastores pelo estado. A aeronave também é utilizada, segundo ele, para levar pessoas doentes em caso de necessidade.

Josué Bengtson foi deputado federal por quatro mandatos, divididos em dois períodos (1999 a 2007, e 2011 a 2019). Em 2018, ele foi condenado à perda do mandato e dos direitos políticos por enriquecimento ilícito em um esquema de desvio de recursos da saúde no Pará que ficou conhecido como "máfia das ambulâncias".

Na eleição seguinte, o filho do ex-deputado, Paulo, elegeu-se deputado pela primeira vez, mas não repetiu o feito na última eleição. Damares, que também é pastora da Igreja Quadrangular, chegou a trabalhar no gabinete do tio como assessora parlamentar.

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