PF diz que acréscimo em relatório que indiciou Bolsonaro será enviado nas "próximas semanas" ao STF
Andrei Rodrigues também afirmou que não viu 'elementos suficientes' para o indiciamento de Michelle Bolsonaro, que foi citada no depoimento de Mauro Cid
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta segunda-feira que o relatório complementar ao inquérito que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 39 pessoas em uma suposta trama golpista será enviado nas 'próximas semanas' ao Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração de Andrei foi dada ao programa Roda Vida, da TV Cultura.
— Nada mais faremos do que encaminhar uma análise do material apreendido da operação Contragolpe que tem uma relação direta com o caso que está sob investigação do STF. Isso será breve, não sei exatamente quando, mas creio que nas próximas semanas — disse Andrei.
Em entrevista ao Globo, no início do ano, Rodrigues deu mais detalhes sobre o relatório complementar.
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— A partir das apreensões realizadas nessa fase, de depoimentos coletados, dos que ainda serão tomados e de outros fatores que estão sendo apurados, vamos finalizar um relatório complementar que também vai servir de base para a Procuradoria-Geral da República fazer a análise — disse o delegado da PF ao Globo. E acrescentou que um dos focos da PF é apurar o financiamento do suposto plano golpista:
— E agora há esse fato trazido pelo depoimento (de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro). Vai ser apurado exatamente de onde saiu esse valor. Mas são detalhes que não interferem no seio da investigação, que apontou cabalmente a tentativa de golpe.
O diretor ressaltou que o relatório que apontou responsabilidade criminal a Bolsonaro traz "provas" e "não convicções". — A Polícia Federal não condena, não denuncia, não pré-julga, mas no âmbito policial chegou à conclusão que aquelas pessoas têm responsabilidade sobre aqueles atos criminosos — afirmou ele.
Novos depoimentos e materiais foram apreendidos durante a Operação Contragolpe, deflagrada em novembro do ano passado. Essas provas estão sendo analisadas pelos investigadores que encaminharão novas conclusões à Procuradoria-Geral da República (PGR), a quem cabe avaliar se apresenta ou não uma denúncia contra os suspeitos. Na prática, isso pode resultar na implicação de novos personagens na trama.
Citação a Michelle Bolsonaro
O diretor-geral também comentou sobre a citação do tenente-coronel e delator Mauro Cid de que Michelle Bolsonaro fazia parte do grupo mais radicial do entorno de Bolsonaro que apoiava o golpe de Estado. Segundo Andrei, a esposa de Bolsonaro não foi indiciada junto com ele porque os investigadores não viram "elementos suficientes" para chegar a essa conclusão.
O depoimento de Cid foi prestado em agosto de 2023 e foi revelado pelo colunista Elio Gaspari, do GLOBO.
— O fato de participar de um grupo radical, moderado ou light, não traz nenhuma consequência jurídica para o processo. É importante saber qual foi a efetiva participação das pessoas para o conceito criminal e ação criminosa desenhada — afirmou Andrei.