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PF diz que produções da Abin eram alteradas para não contrariar narrativas políticas

PF deflagrou operação que agora atinge o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Investigação aponta que Carlos integrava núcleo político de "Abin paralela"

Agência Brasileira de Inteligência (Abin)Agência Brasileira de Inteligência (Abin) - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Investigação da Polícia Federal (PF) que apura a suspeita de que uma organização criminosa se instalou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e montou uma rede ilegal de espionagem aponta que a atuação atingiu os trabalhos da agência. Segundo a PF, "o produto final da agência chegava a ser alterado para não contrariar tais narrativas políticas".

A apuração da polícia aponta que Alexandre Ramagem (PL-RJ), então diretor da agência e hoje deputado federal, integrava uma organização criminosa que atuava “com intuito de monitorar ilegalmente pessoas e autoridades públicas”. A ação ocorreu, segundo relatório da PF, entre 2019 e 2021, período no qual chefiou a agência de inteligência no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nova etapa da operação deflagrada nesta segunda-feira indica que o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Bolsonaro, integrava o núcleo político da organização e que, em conjunto com Ramagem, monitorou indevidamente 'inimigos políticos' e buscou informações acerca da existência de investigações relacionadas aos filhos do então presidente da República Jair Messias Bolsonaro".

Segundo investigação da PF, no início do governo passado havia entre servidores a expectativa de que a proximidade de Ramagem com Bolsonaro "permitiria fortalecer a atividade de inteligência de Estado. "Com o tempo, percebeu-se que essa proximidade não impulsionou a atividade, mas pautou uma agenda política pessoal do então diretor-geral (que deixou o cargo para candidatar-se em 2022), frustrando os anseios dos servidores", informou a PF.

Conforme a polícia, havia um direcionamento de recursos da agência para "atender demandas de interesse privado ou ideologicamente enviesadas, em desacordo com as diretrizes institucionais", e que isso "produziu resistência do corpo funcional".

"Havia pressão para que se chegasse a conclusões em consonância com determinadas narrativas políticas. O produto final da agência chegava a ser alterado para não contrariar tais narrativas políticas. O produto final da agência chegava a ser alterado para não contrair tais narrativas. Aquelas que se opuseram às demandas gradativamente foram exonerados das funções e alguns foram perseguidos, tendo a carreira prejudicada", afirmou.

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