PF faz operação contra grupo miliciano chefiado por parlamentar baiano
Organização criminosa pratica lavagem de dinheiro obtido no jogo do bicho, agiotagem, extorsão, receptação qualificada; PMs atuavam como braço armado da quadrilha
Um grupo miliciano sediado no município baiano de Feira de Santana é alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (7). O líder do grupo criminoso é um parlamentar da Bahia, que não teve o nome revelado. Ao todo, a corporação cumpre dez mandados de prisão preventiva, 33 mandados de busca e apreensão, bloqueio de mais de R$ 700 milhões das contas bancárias dos investigados e o sequestro de 26 propriedades urbanas e rurais, além da suspensão de atividades econômicas de seis empresas.
"Segundo foi apurado, o chefe da organização atualmente é detentor de foro por prerrogativa de função e, com isso, faz-se necessário esclarecer que, desde 2018, o Supremo Tribunal Federal vem entendendo que parlamentares serão processados e julgados pela justiça de primeiro grau em caso cometimento de crimes antes da diplomação do cargo e desconexo a ele", informou a PF.
De acordo com a PF, a organização criminosa investigada na Operação El Patron pratica lavagem de dinheiro obtido no jogo do bicho, agiotagem, extorsão, receptação qualificada, entre outros crimes.
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Entre os investigados há três policiais militares baianos. Eles integrariam o braço armado do grupo miliciano e seriam responsáveis por "efetuar cobranças, mediante violência e grave ameaça, de valores indevidos oriundos de jogos ilícitos e empréstimos a juros excessivos". Procurada pelo Globo, a Polícia Militar da Bahia ainda não se manfiestou.
Inconsistências fiscais
A Receita Federal detectou movimentações financeiras atípicas por parte dos investigados. Os relatórios foram produzidos em cumprimento à ordem judicial e apontaram "inconsistências fiscais", além da existência de "bens móveis e imóveis não declarados e indícios de lavagem de dinheiro".
O caso começou a ser investigado após recebimento de ofício encaminhado pelo Ministério Público da Bahia. O documento relatava "graves ilícitos penais que estariam sendo perpetrados na região". O avanço da investigação revelou, segundo a PF, "elementos probatórios que revelaram a participação dos indiciados num grupo miliciano e evidenciaram parte de sua estrutura, inclusive o seu poderio econômico".
Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Feira de Santana. Além da PF, as ordens judiciais são cumpridas com apoio da Receita Federal, o Ministério Público Estadual e a Força Correcional Integrada FORCE/COGER/SSP/BA.