PF indicia Carla Zambelli e hacker por participação em invasão a sistema do CNJ
Deputada nega, enquanto Walter Delgatti confessa a atuação
A Polícia Federal indiciou o hacker Walter Delgatti Neto e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por supostamente participarem de um esquema que inseriu dados falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os dois são suspeitos de terem cometido os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
A PF concluiu o inquérito nesta quinta-feira. Em janeiro de 2023, Delgatti acessou o sistema do CNJ e inseriu dados falsos, como um mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Preso no início de agosto, Delgatti confessou a invasão, disse que fez a pedido de Zambelli e que teria recebido R$ 40 mil pelos serviços.
Em agosto de 2023, Zambelli foi alvo de busca e apreensão em seu apartamento funcional e em seu gabinete, no Congresso Nacional. Foram cumpridos ainda mandados contra alguns de seus assessores e um de prisão preventiva contra Delgatti Netto.
Em depoimento, o hakcer disse que Zambelli pediu que ele invadisse as contas de e-mail e o telefone de Moraes. A solicitação teria sido feita durante um encontro na Rodovia dos Bandeirantes, na capital paulista, em setembro de 2022.
Em nota, a defesa de Zambelli afirmou que a parlamentar "jamais" fez qualquer "tipo de pedido para que Walter Delgatti procedesse invasões a sistemas ou praticasse qualquer ilicitude".
Leia também
• TSE multa Carla Zambelli por fala sobre "QR code petista"
• Cid diz que recebeu hacker, gente de TI e infiltrados em busca de ''bala de prata'' contra urnas
Ainda de acordo com o advogado Daniel Bialski, Zambelli "reafirma que não cometeu qualquer conduta ilícita e/ou imoral e exercerá, se necessário, seu amplo direito de defesa para comprovar sua inocência. O uso abusivo de suposições e probabilidades não são elementos induvidosos a pretender sustentar as suspeitas levantadas".
Também por meio de nota, a defesa do hacker disse "não se surpreender" com seu indiciamento, "pois desde sua prisão, Walter confessa sua participação na invasão da plataforma do CNJ".
"O indiciamento de Carla Zambelli confirma que Walter, a todo momento, colaborou com a justiça, levando a PF até a mandante e financiadora dos atos perpetrados por ele. No mais, a defesa pretende reiterar o requerimento que tem como objetivo a liberdade de Walter, ausente motivo para manutenção da custodia cautelar, uma vez encerrada a investigação", afirma o advogado Ariovaldo Moreira.