PF preso fez segurança de Lula em 2022 e deu informações para militar envolvido na trama golpista
Segundo relatório, agente se "colocou à disposição para atuar no golpe de Estado"
A Polícia Federal apontou o suposto envolvimento de um agente da corporação na articulação do plano de golpe de Estado. Alvo de um mandado de prisão preventiva nesta terça-feira, Wladimir Matos Soares atuou na segurança do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, no período de transição, e forneceu informações sobre o esquema a um auxiliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo relatório da PF, ele se "colocou à disposição para atuar no golpe de Estado".
"Eu e minha equipe estamos com todo equipamento pronto para ir ajudar a defender o PALÁCIO e o PRESIDENTE. Basta a canetada sair", disse o agente da PF ao assessor Sergio Rocha Cordeiro, à época no gabinete pessoal de Bolsonaro.
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Nas conversas, o servidor da PF afirma que está "na coordenação" do evento da posse presidencial — por isso, teria as informações privilegiadas. Em 13 de dezembro de 2022, Soares diz que agentes do Comando de Operações Táticas (COT) da PF estavam hospedados em um hotel próximo onde Lula estava abrigado durante a transição de governo.
"Como rolou aquela situação no prédio da Polícia Federal, ontem, eles acionaram a equipe do COT. E uma equipe do COT, como o Lula, estaria ali no prédio do Meliá", diz a mensagem datada de 13 de dezembro — um dia depois de manifestantes golpistas terem tentado invadir a sede da PF como um protesto contra a prisão de um indígena bolsonarista.
O agente da PF também repassou informações antecipadas sobre um policial que seria nomeado no assessor do gabinete pessoal de Lula.
"Nesse contexto, o fato de WLADIMIR, como policial federal, que estava atuando no apoio à segurança do candidato presidencial eleito, deveria ter passado os dados para a Coordenação de segurança do presidente LULA, principalmente diante dos eventos que ocorreram no dia anterior, com a tentativa de invasão da Sede da Polícia Federal, por manifestantes que não reconheciam o resultado das eleições e apoiavam um golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito. No entanto, conforme demonstrado, WLADIMIR passou os dados para o segurança pessoal do então presidente JAIR BOLSONARO, que estava naquele momento empenhado para consumação do golpe de Estado, tentando obter o apoio das Forças Armadas", diz o relatório da PF.