PGR não vê crime em fala de deputado que fez paralelo de Felipe Neto com Marcola e casal Nardoni
Lindôra Araújo afirmou que declaração foi "infeliz", mas está protegida por imunidade parlamentar
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, opinou pela rejeição de uma ação apresentada pelo youtuber Felipe Neto contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO). Lindôra considerou não haver crimes em uma declaração em que Gayer fez uma relação entre Neto e o traficante Marcos Herbas Camacho, o Marcola, e o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá.
Felipe Neto apresentou um "pedido de explicações" contra o parlamentar no Supremo Tribunal Federal (STF). Quando o youtuber foi anunciado como integrante de um grupo do governo federal para combater discurso de ódio e extremismo, Gayer publicou no Twitter: "Próximo passo será coloca o Marcola na luta contra as drogas e os Nardonis no ministério da família".
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Na solicitação apresentada ao STF, Neto quer Gayer seja obrigado a esclarecer se conhece os crimes pelos quais Marcola, Alexandre e Anna Carolina Jatobá foram condenados e se "acredita que ser comparado a perigosos criminosos condenados pelo Poder Judiciário é ofensivo".
O relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, pediu um posicionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR). Em manifestação enviada na segunda-feira, Lindôra afirmou que "o parlamentar fez uma crítica em tom claramente político". Para a vice-procuradora-geral, a analogia feita foi "deveras infeliz", mas ocorreu "em evidente tom de ironia".
A PGR também considera que a declaração correspondeu ao "comportamento típico das funções parlamentares", o de "fazer oposição de manifesto cunho político", e por isso Gayer estaria protegido pela imunidade parlamentar.
Marcola é o líder da maior facção criminosa do Brasil. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados pela morte de Isabella, filha de Alexandre, que tinha cinco anos.