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PGR: Parlamentares do PT fazem "pré-sabatina" com cotados para tentar influenciar Lula

Grupo já reuniu com quatro candidatos ao posto Paulo Gonet, Antônio Bigonha, Aurélio Rios e Luiz Augusto dos Santos Lima e levará suas impressões ao presidente

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil  - Foto: Evaristo Sa/AFP

Com a indefinição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre quem vai ser o novo procurador-geral da República, parlamentares do PT entraram em campo para tentar influenciar a escolha. Um grupo de deputados e senadores tem feito encontros individuais com os mais cotados ao cargo e pretende levar suas impressões ao chefe do Palácio do Planalto.

O grupo já se reuniu com os dois nomes até agora considerados favoritos, o vice-procurador-geral Eleitoral Paulo Gonet e o subprocurador-geral Antônio Carlos Bigonha. Este último, até o momento, é o preferido no partido, enquanto Gonet teve posturas avaliadas como demasiada conservadoras e não alinhado à pauta progressista.

Na terça-feira, estiveram também com o subprocurador-geral da República Aurélio Virgílio Veiga Rios e, nesta quarta, com o subprocurador Luiz Augusto dos Santos Lima. A intenção, contudo, é expandir a lista e se reunir também com nomes que estão correndo por fora.

Embora tenha recebido apoio de nomes próximos à Lula, como o líder do governo Jaques Wagner (PT-BA), o ex-procurador-Geral, Augusto Aras não foi chamado para os jantares. Parlamentares veem Aras, nesse momento, como carta fora do baralho.

Deputados que participam dos encontros afirmaram ao Globo que a ideia é captar posições e explorar o histórico dos candidatos. As conversas, afirmam, não tem tom de entrevista, mas o objetivo de ser uma troca de impressões, entender o que pensam e como enxergam o papel da PGR.

Entre as questões discutidas nessas reuniões estão a capacidade de o novo PGR de evitar novas operações nos moldes da Lava-Jato. Segundo parlamentares que participaram das conversas, o grupo tem exposto o temor inclusive com movimentos de “lavajatismo” contra o bolsonarismo. Citam, como exemplo dessa preocupação, o acordo de delação do tenente-coronel Mauro Cid firmado pela Polícia Federal sem anuência do Ministério Público.

De acordo com auxiliares de Lula, o PT é considerado um dos polos de influência sobre o tema junto ao presidente. Eles citam também o ministro da Justiça, Flavio Dino, — candidato ao STF e que defende nome de Gonet a PGR — e ministros do STF, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, como nomes a quem o petista deve ouvir antes de tomar uma decisão.

No grupo que tem ouvido os subprocuradores estão o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), o líder do governo na Casa, José Guimarães (CE), os deputados Rui Falcão (SP), Alencar Santana (SP), Odair Cunha (MG) e o ex-deputado Vicente Cândido. Já entre os senadores, Jaques Wagner (BA) e Humberto Costa (PE) foram os nomes escalados para participar em nome do governo. Após a indicação pelo presidente, o indicado passará por sabatina no Senado.

Entre os parlamentares há uma avaliação que, no passado, o partido errou ao não ter debatido melhor o perfil dos nomes, equívoco que pretendem corrigir agora, buscando conhecer os cotados ao cargo. A escolha é considerada mais delicada que o nome que irá substituir Rosa Weber no STF, pois a Corte é formada por um colegiado de ministros, enquanto o posto de procurador-geral concentra muito poder em uma única pessoa. Entre deputados que participam dos encontros, há avaliação de que uma escolha errada de Lula tem potencial para um grande estrago.

"Estamos conversando com todos, ouvindo e dialogando. Obviamente a decisão é somente do presidente Lula", disse Zeca Dirceu.

O grupo de parlamentares deve pedir uma conversa com o presidente para expor algumas considerações do grupo sobre os nomes. A expectativa é de que essa agenda ocorra apenas depois do feriado de 12 de outubro, pois Lula segue recomendações médicas de não receber visitas após cirurgia no quadril que ocorreu no dia 29 de setembro.

Como mostrou a colunista Bela Megale, Lula teria demonstrado mais simpatia pela conversa que teve com Gonet por entender que ele poderá ter um perfil mais independente.

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