Planalto tem dia tenso e encontro de Lula com aliado de Lira antes de votação de MP
Presidente entrou na articulação política e se reuniu com o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA)
O núcleo central do governo viveu momentos tensos ao longo da quarta-feira (31) antes da aprovação da medida provisória que alterou a estrutura dos ministérios.
De acordo com auxiliares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava bastante irritado a ponto de assessores dizerem, em tom de brincadeira, quando alguém precisava entrar em sua sala: tem certeza? Mesmo assim, Lula entrou na articulação política e recebeu à tarde, no Palácio do Planalto, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), um dos principais aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Os ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e da Casa Civil, Rui Costa, ficaram no gabinete de Lula do fim da tarde até depois de 20h30. Às 20h35, Padilha atravessou apressado o corredor do quarto andar, depois de sair da sala do presidente no terceiro, e, ao ser questionado sobre o prognóstico para a votação, afirmou ter confiança na aprovação da MP. Lula só saiu do palácio às 20h50, mais tarde do que o normal.
Em conversas reservadas, o ministro das Relações Institucionais, segundo assessores, dizia torcer por uma votação apertada para poder saber qual deputado está realmente com o governo e qual não está.
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Padilha ainda afirmava nas conversas internas que o governo deveria ir para o tudo ou nada e colocar a MP em votação mesmo sem garantia de aprovação para que o cenário ficasse claro.
Auxiliares de Lula avaliam que Lira usou a votação da medida provisória para dar uma demonstração de força e tentar retomar o controle da liberação de emendas, como acontecia no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). A gestão petista não estaria disposta a ceder.
O presidente ainda resistiu, ao longo do dia, a se encontrar com Lira. A avaliação é que uma conversa neste momento enfraqueceria os ministros.