Política

Podemos insiste para Rosangela Moro substituir MBL como puxadora de votos em São Paulo

Advogada e mulher do ex-juiz Sergio Moro já disse que não concorreria, mas trocou domicílio eleitoral de olho em candidatura a deputada federal pelo partido

Rosangela Moro, advogada e mulher do ministro Sergio MoroRosangela Moro, advogada e mulher do ministro Sergio Moro - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A cúpula do Podemos, partido do presidenciável Sergio Moro, tenta convencer a advogada Rosangela Wolff Moro, mulher do ex-juiz, a concorrer a deputada federal neste ano.

O objetivo é que, dada sua associação direta com Moro, Rosangela possa atuar como “puxadora de votos” na eleição para a Câmara, papel anteriormente esperado dos candidatos do MBL (Movimento Brasil Livre), que deixaram a sigla após o caso Arthur do Val.

Rosangela já mudou seu domicílio eleitoral para São Paulo, conforme informou a colunista do GLOBO Bela Megale.
 

O movimento eleitoral de Rosangela, patrocinado nos bastidores pela presidente nacional do Podemos, deputada federal Renata Abreu (SP), esbarra em resistências da própria esposa de Moro.

Em fevereiro, Rosangela respondeu a postagem de um seguidor nas redes sociais garantindo que não seria “candidata a nada” em 2022, e completou: “Se fosse apesar de amar SP (São Paulo) seria pelo meu estado PR (Paraná) que eu conheço. Mas a minha contribuição é maior com as associações que tanto amo e respeito. Até bom esclarecer porque falam por aí… mas eu sigo na vida privada e anonimato plantando sementinhas”, escreveu a advogada.

Nos últimos dias, contudo, Rosangela passou a dar sinais de que pode topar a empreitada, inclusive com a transferência de seu título eleitoral do Paraná para São Paulo. No domingo, ela e Moro participaram na residência do casal, em Curitiba, de uma reunião política com Abreu e com os três senadores do Podemos pelo Paraná: Alvaro Dias, Oriovisto Guimarães e Flávio Arns.

Segundo uma pessoa presente, no encontro não foram tratadas candidaturas estaduais, mas sim o cenário nacional para a candidatura do ex-juiz. Nesta terça, Rosangela acompanhou Moro a um almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), mas não quis comentar seus planos eleitorais.

– Ainda não tem nada definido – limitou-se a afirmar a advogada.

Moro, que ainda não endossou publicamente uma candidatura de Rosangela, defendeu em suas redes no início de março que a presidente do Podemos concorra ao governo de São Paulo. A intenção de Moro é que Renata Abreu lidere o palanque no estado para sua candidatura presidencial.

Inicialmente, o Podemos lançaria ao governo paulista o deputado Arthur do Val, conhecido como “Mamãe Falei”, mas o partido abriu processo de expulsão contra o parlamentar após o vazamento de áudios de conteúdo sexista gravados por ele quando voltava da guerra na Ucrânia.

Em meio à repercussão negativa do caso, e embora Do Val tenha anunciado seu desligamento do Podemos e do MBL, o grupo acabou se vendo sem espaço e deixou o partido.

Lideranças do MBL, como o deputado Kim Kataguiri e o vereador Rubinho Nunes, de quem o Podemos esperava boas votações para ajudar a ampliar a bancada federal do partido, acabaram migrando para o União Brasil. Com isso, as apostas do partido em São Paulo voltaram-se para a mulher de Moro.

– Rosangela ser candidata a deputada federal é algo muito importante para o partido hoje – afirmou o deputado José Nelto (Podemos-GO).

Reservadamente, lideranças do Podemos avaliam que Renata Abreu não deseja concorrer a um cargo majoritário, e que vai tentar se reeleger na Câmara. Uma candidatura de Rosangela a deputada federal por São Paulo, caso bem sucedida, poderia ajudar a “puxar” outros candidatos da sigla.

Em 2018, Abreu teve pouco mais de 160 mil votos e o Podemos conseguiu eleger apenas mais um deputado federal no estado, Roberto de Lucena, com 55 mil votos. Procurada, Abreu não retornou o contato do GLOBO.

Em paralelo aos apelos de Moro para que Renata Abreu dispute o governo de São Paulo, integrantes do Podemos passaram a mostrar insatisfação com os rumos da campanha do ex-juiz, cobrado a partilhar mais as decisões da pré-campanha e se envolver mais diretamente na filiação de candidatos ao Legislativo. A eleição da bancada federal é o principal critério para rateio do fundo eleitoral entre os partidos.

Integrantes do Podemos também estimularam Moro a abrir diálogo com outros partidos que tentam construir uma terceira via, como União Brasil, PSDB e MDB, que já mantêm conversas mais adiantadas. Na segunda-feira, Moro reuniu-se com o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, e disse que ele seria “um ótimo vice-presidente ou cabeça de chapa”, além de ter reforçado a intenção de se chegar a “um único candidato do centro democrático”.

A cúpula do Podemos também vê o acordo nacional como justificativa para que o partido abra mão de ter candidatos majoritários próprios em São Paulo – nesse caso, por exemplo, a sigla embarcaria no palanque do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que terá o apresentador de TV José Luiz Datena (União) como postulante a senador.

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