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ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

Polícia de São Paulo desmobiliza 34 acampamentos golpistas, mas não prende ninguém

Decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinava a prisão em flagrante de participantes dos grupos

 Tarcísio Gomes de Freitas, candidato ao governo de São Paulo Tarcísio Gomes de Freitas, candidato ao governo de São Paulo - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou na noite desta segunda-feira que a Polícia Militar terminou de desmobilizar todos os 34 acampamentos de caráter golpista em portas de quartéis no estado, mas não efetuou prisões, na contramão do que determinou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A secretaria informou que a demobilização ocorreu de forma pacífica e que, por isso, não houve detenções. A medida foi realizada em cumprimento da decisão de Moraes, que após atos terroristas de vandalismo em Brasília determinou às polícias que desmobilizassem em 24 horas os acampamentos golpistas que desde o início de novembro ocupam as frenres de quartéis em todo o país.

A decisão, no entanto, não foi cumprida na íntegra porque nela o ministro determina "prisão em flagrante" dos participantes dos acampamentos pela prática de crimes previstos na lei Antiterrorismo como associação criminosa, incitação ao crime, atos terroristas, ameaça e perseguição. Em Brasília, por exemplo, a Polícia Federal vai indiciar os cerca de 1.200 presos no acampamento do quartel-general do Exército por crimes contra a democracia e por terrorismo, entre outros delitos.

Em São Paulo, as desmobilizações ocorreram após negociação de policiais com os golpistas. Dos 34 acampamentos, 28 estavam no interior do estado. Mais cedo, o secretário de segurança pública e bolsonarista convicto Guilherme Derrite afirmou a jornalistas que em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) havia dado a ordem para que o desmonte dos grupos golpistas fosse feito pacificamente.

"Vamos cumprir a ordem judicial. Agora, a maneira como ela vai ser cumprida vai ser o diferencial aqui em São Paulo. É uma orientação do nosso governador (Tarcísio de Freitas) para que isso seja feito de maneira pacífica e assim será", disse ele.

Procurada pelo Globo, o STF não quis comentar. Disse, apenas, que Alexandre de Moraes "aguarda que a decisão seja cumprida".

O acampamento mais notório, que reunia centenas de bolsonaristas inconformados com a derrota eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, foi desativado no início da tarde desta segunda-feira.

Os bolsonaristas começaram a desarmar barracas e recolher pertences para abandonar o local no final da manhã. No começo da tarde, o acampamento já estava desmontando, restando apenas um rescaldo final de objetos e pessoas para a liberação total da via.

Um apoiador de Bolsonaro contou que houve uma conversa pacífica com PMs e que a decisão de deixar o ato ocorreu por "questões de segurança e para evitar uma confusão maior".

Alguns apoiadores assistiam incrédulos ao desmonte do acampamento. No interior do acampamento, era possível ouvir algumas pessoas chorando.

"Cadê as Forças Armadas?" questionou uma senhora, já do lado de fora da concentração.

O plano para o desmonte dos acampamentos bolsonaristas radicais na cidade de São Paulo foi acertado pela manhã após uma ligação entre Derrite e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB).

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