8 de janeiro

PP acena a bolsonaristas, troca deputados na CCJ e pode facilitar anistia a condenados do 8/1

O partido de Lira incluiu como membros titulares deputados como Pedro Lupion (PP-PR), e o Delegado Fabio Costa (PP-AL)

Plenário da Câmara FederalPlenário da Câmara Federal - Foto: Câmara dos Deputados/divulgação

O PP da Câmara trocou nesta terça-feira, 10, alguns de seus membros titulares na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em um movimento que pode facilitar a aprovação de um projeto de lei que anistia os condenados pela invasão dos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

A decisão foi vista na Casa como um aceno aos bolsonaristas, em um momento em que o presidente Arthur Lira (AL), integrante do partido, tenta consolidar as legendas em torno da candidatura do líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), à presidência da Câmara.

Os bolsonaristas têm atrelado o apoio na sucessão da Casa à defesa do projeto. Antes da reunião que deve iniciar a discussão da proposta na CCJ, o PP tirou Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Fausto Pinato (PP-SP), por exemplo, da lista de membros titulares da comissão e os colocou como suplentes. Os dois são considerados moderados.

O partido de Lira incluiu como membros titulares deputados como Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, e Delegado Fabio Costa (PP-AL), da tropa de choque bolsonarista.

O relator da proposta de anistia na CCJ, deputado Rodrigo Valadares (União-SE), disse na segunda-feira, 9, ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que o líder do União, Elmar Nascimento (BA), que também é candidato ao comando da Câmara, defende a proposta. "Elmar está 100% fechado e comprometido com a anistia", declarou.

O projeto que livra os presos do 8 de Janeiro entrou na pauta da CCJ desta terça-feira, mas a expectativa é que a esquerda consiga adiar a votação com um pedido de vista. Mesmo assim, o clamor pela aprovação da proposta ganhou força no fim de semana, com o ato liderado por Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo.

Elmar era considerado o favorito do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para a sucessão na Casa, mas a eleição, que ocorrerá em fevereiro, sofreu uma reviravolta na semana passada, quando Marcos Pereira (Republicanos-SP) desistiu em favor de Hugo Motta (Republicanos-PB). Lira passou a sinalizar nos bastidores a preferência por Motta, mas Elmar se recusou a desistir e resolveu se unir ao candidato do PSD, Antonio Brito (BA), que também manteve seu nome na disputa.

Valadares diz que a pulverização de candidaturas à presidência da Câmara, sem o consenso previsto inicialmente, permite aos bolsonaristas colocarem suas pautas na mesa. "Eu não vejo a possibilidade de um candidato vencer sem o apoio da direita, porque tem um centro dividido. Acho que é muito arriscado sinalizar para a esquerda e perder os 120, 130 votos que a direita tem", afirmou o deputado do União, que é aliado de Bolsonaro.

O relator do projeto da anistia disse que buscará também o apoio de Motta, Brito e do líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), à proposta. "Falei com o presidente (do Republicanos) Marcos Pereira, não cheguei a falar ainda com o Hugo (Motta), mas o Marcos Pereira falou que queria ajudar. Então, creio que também esteja alinhado conosco", contou.

Caso a esquerda consiga adiar a análise do projeto na CCJ, a tendência é que a votação ocorra somente após as eleições municipais. Até o momento, esta é a última semana prevista de esforço concentrado na Câmara durante o período eleitoral.

"Eu parabenizo a presidente (da CCJ) Caroline de Toni pela estratégia e pela coragem de pautar um tema tão complexo e que causa muitas discussões em todos os lados da política", disse Valadares. "Hoje, a anistia é, na Câmara, se não a principal, uma das principais pautas da direita. Porque, por exemplo, se você falar em impeachment do ministro Alexandre de Moraes, é uma pauta do Senado, a gente não tem atribuição legislativa para isso", emendou.

Valadares afirmou que vê forte engajamento nas redes sociais pela anistia aos condenados do 8 de Janeiro. "Eu não vou ficar aqui dourando a pílula, com subterfúgios. De maneira muito clara, não vejo a direita apoiar um candidato à sucessão na presidência da Casa que não apoie a anistia para os presos do dia 8", ressaltou.

O deputado foi indicado por Elmar para a relatoria do projeto na CCJ justamente quando o líder do União buscava fazer acenos ao bolsonarismo com o objetivo de conquistar o apoio da direita à sua candidatura.

Sob a presidência da também bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC), a comissão, que é a principal da Câmara, tem pautado com frequência a agenda da direita. Além da anistia, a CCJ também discute Propostas de Emenda à Constituição (PEC) que limitam os poderes do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os presos do 8 de Janeiro foram condenados pela Corte por terem invadido os prédios dos três Poderes uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.

Apoiadores de Bolsonaro, eles pediam a destituição do petista e uma intervenção militar para levar o ex-presidente de volta ao poder.

Veja também

Em evento com Anielle Franco, Lula apresenta nova ministra dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS

Em evento com Anielle Franco, Lula apresenta nova ministra dos Direitos Humanos

X apresenta representante legal ao STF, e Moraes manda que vínculo com plataforma seja comprovado
BRASIL

X apresenta representante legal ao STF, e Moraes manda que vínculo com plataforma seja comprovado

Newsletter