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São Paulo

Prefeito de SP quer Praça Rita Lee, e Tarcísio silencia para evitar desgaste com bolsonarismo

Decisão de não mencionar despedida da cantora tem como pano de funda críticas dela ao ex-presidente Jair Bolsonaro

Tarcísio de FreitasTarcísio de Freitas - Foto: Mauro Pimentel/AFP

Enquanto o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, estuda dar o nome de Rita Lee a uma praça da cidade, o governador Tarcísio de Freitas sequer comentou a morte da cantora em suas redes sociais.

A manifestação veio apenas na página institucional do governo, em uma publicação às 14h33 desta terça-feira. O texto refere-se a Rita Lee como "figura importante da música brasileira" e "paulista" que marcou gerações com “canções e apresentações”. Não há a assinatura de Tarcísio na postagem.

O uso do termo "paulista", em vez de "paulistana", chamou atenção de internautas:

"O difícil é ter um governador forasteiro que, além de ser bolsonarista e forasteiro, também não sabe a diferença de paulista e paulistano", escreveu um perfil cujo nome é Sandra Nunes. Outra fez a mesma observação: "PAULISTANA, da Vila Mariana", disse a psicóloga Sonia Helena. O governador, nascido no Rio de Janeiro, ainda passa por um processo de construção de sua identidade paulista.

O Globo apurou que a decisão de Tarcísio não usar sua página pessoal no Twitter para lamentar a perda da cantora, que é um dos maiores símbolos da cidade de São Paulo, ocorreu após um deputado bolsonarista lembrar o governador de que Rita apelidou o seu tumor de “Jair”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

A rainha do rock revelou o apelido por meio de suas redes sociais. Crítica da classe política, ela ainda afirmou em entrevista à revista ELA durante o governo Bolsonaro que é “assustador ver gente no comando com mente tão ultrapassada”. “Era para a gente estar nos Jetsons e estamos voltando para os Flintstones. O Brasil parece ter um carma estranho... acho que isso começou com o genocídio indígena”, disse Rita na ocasião.

Como governador de São Paulo, Tarcísio lamentou a morte de personalidades como Palmirinha, Paulo Caruso e Pelé. O silêncio sobre Rita Lee repete uma prática comum no governo Bolsonaro, que ao longo de quatro anos ignorou a morte de personalidades que marcaram a história do país, como Elza Soares, João Gilberto e Beth Carvalho.

Críticas aos políticos
Durante toda a sua vida, Rita foi uma crítica ferrenha dos políticos brasileiros. Na profecia da própria morte que consta em sua autobiografia, publicada pela Globo Livros, Rita afirmou que nenhum político se “atreverá” a comparecer ao seu velório, uma vez que ela nunca compareceu a palanque de nenhum deles. Disse que se “levantaria do caixão para vaiá-los” caso marcassem presença.

O governadores bolsonaristas se dividiram sobre as manifestações à cantora. Assim como Tarcísio, o mineiro Romeu Zema e o paranaense Ratinho Jr silenciaram sobre Rita no Twitter. Claudio Castro, governador do Rio, escreveu uma longa homenagem à cantora, que afirma ser uma das mulheres mais influentes e icônicas do Brasil. "Não há como pensar na música brasileira sem a sua irreverência, carisma e voz potente”, escreveu Castro.

Outras manifestações partiram do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e de chefes dos Executivos de estados como Rio Grande do Sul (Eduardo Leite), Espírito Santo (Renato Casagrande), Goiás (Ronaldo Caiado) e Bahia (Jerônimo Rodrigues).

Promessa de homenagem
O prefeito paulistano, Ricardo Nunes, fixou em seu Twitter uma promessa de homenagem a Rita Lee. O emedebista compartilhou uma publicação em que a artista diz que quer seu nome em uma praça quando morrer. “Vamos procurar os familiares e apresentar as opções para escolherem ou nas sugestões que tenham”, escreveu o prefeito.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, também anunciou que uma praça da cidade levará o nome da artista.

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