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Prefeito diz que Bolsonaro e outros alvos da PF não foram vacinados em Cabeceiras

Ele disse que vai apurar conduta de médico

Prefeito Everton Francisco de Matos, conhecido como TutaPrefeito Everton Francisco de Matos, conhecido como Tuta - Foto: reprodução

O prefeito de Cabeceiras, no interior de Goiás, afirmou, nesta quarta-feira, que vai apurar a conduta do médico do município que teria atuado em um esquema de fraude nos cartões de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, familiares e assessores. À frente do município, Everton Francisco de Matos (PDT), conhecido como Tuta, disse ao Globo que os alvos da investigação da Polícia Federal não receberam imunizantes no município.

A PF realizou uma operação na manhã desta quarta-feira e cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, em Brasília, além de ter efetuado seis prisões — o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, é um deles.

O Globo esteve na cidade nesta tarde e entrevistou profissionais de saúde, além do prefeito. Todos garantem que nenhum membro da família presidencial ou seus assessores foram vacinados no município.

— Não tem registro nenhum aqui. Já consultamos nossos relatórios. O município está isento disso, agora vamos apurar a responsabilidade do médico. Vamos abrir um processo administrativo. Nossa equipe jurídica já está cuidando disso, pois a atitude desse profissional acaba prejudicando todos da área da saúde — informou Tuta.

Segundo a apuração do Globo, o sargento Luiz Marcos dos Reis, que era subordinado ao tenente-coronel Mauro Cid no Palácio do Planalto, acionou um sobrinho que era médico em Cabeceiras, cidade com menos de oito mil habitantes no interior de Goiás, para operar a fraude.

A apuração aponta o sobrinho do sargento, o médico Farley Vinicius Alcântara, como responsável por fornecer um documento assinado e carimbado por ele atestando que a mulher de Cid, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, se imunizou contra a Covid-19.

A coordenadora de atenção básica da Saúde, Regina Justo da Silva, explica que Farley atuou no município entre entre os anos de 2018 e 2021, sempre como plantonista e nos fins de semana. Segundo Regina, o médico, como qualquer outro profissional de saúde, tinha acesso aos cartões de vacina e demais documentos relacionados à imunização.

A equipe de saúde acredita que o médico tenha se aproveitado do acesso à sala de vacinação do hospital municipal, quando dava plantão, para se apropriar ilegalmente do material que seria usado na falsificação dos cartões.

— Isso tudo foi feito sem qualquer conhecimento das equipes de saúde. É muito triste para a nossa cidade, isso, pois algo feito por um profissional mal intencionado acaba manchando nossa imagem — diz.

Documento enviado
Documento obtido pelo Globo mostra ainda que Reis teria enviado o PDF “Cartão arquivo de vacinação” para Cid, às 19h11 de 21 de novembro de 2021. O PDF informa que Gabriela teria sido vacinada com duas doses contra a Covid-19 do laboratório Biotech (Pfizer), em 17 de agosto e em 9 de novembro daquele mesmo ano, nas unidades básicas de saúde de Cabeceiras.

Como publicado pela colunista Malu Gaspar, o mesmo mecanismo se estendeu a Bolsonaro e familiares. Com os documentos, houve a tentativa de registrar as informações no Sistema Único de Saúde, por meio de computadores ligados à Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para que elas pudessem ser consideradas oficiais. Assim, o ex-presidente, seus parentes e familiares conseguiriam, por exemplo, realizar viagens internacionais a países que exigiam a imunização contra Covid na entrada.

Como o lote de vacinas informado havia sido enviado para Goiás, o sistema rejeitou os dados. Foi necessário então que se conseguisse outro número de lotes do Rio para que o registro fosse confirmado.

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