Prefeito e vice de Rio Largo, em Alagoas, são mantidos em investigação com renúncia rejeitada
Prefeito Carlos Gonçalves e o vice Peterson Henrique entraram com boletim de ocorrência afirmando que as assinaturas do documento foram falsificadas; entenda imbróglio que chegou até a polícia
O Tribunal de Justiça de Alagoas negou recurso da Câmara dos Vereadores nesta quinta-feira e decidiu manter o prefeito e vice de Rio Largo, Carlos Gonçalves (MDB) e Peterson Henrique (PP) em seus respectivos cargos, após supostas cartas de renúncias serem apresentadas na Câmara de vereadores da cidade.
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Ambos negaram a autoria do documento e entraram com um boletim de ocorrência após o presidente da Casa, Rogério da Silva (PP), tomar posse do cargo.
O imbróglio é só mais um capítulo de uma disputa que ocorre entre dois políticos aliados dos caciques do estado, o deputado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP) e o senador Renan Calheiros (MDB).
Rio Largo é a terceira maior cidade de Alagoas e base política de Lira. O ex-prefeito é aliado do deputado, e passou a ter conflitos com o sobrinho ao ver uma aproximação do sucessor com o ministro de Transportes, Renan Filho (DEM), filho de Renan Calheiros.
Os dois, que já haviam protagonizado uma discussão há duas semanas, entraram em um novo conflito por conta de uma suposta carta de exoneração do prefeito ser apresentada na Câmara do município.
Ao voltar ao cargo, ele assinou ainda no mesmo dia a exoneração de seu tio e então secretário municipal de Governo, Gilberto Gonçalves (PP). Além de parente, Gonçalves é ex-prefeito da cidade e foi principal padrinho político de Carlos nas últimas eleições.
O prefeito declarou ao jornal local que o documento apresentado nesta segunda-feira foi "fruto de uma tentativa criminosa de golpe”. Por outro lado, Silva publicou em suas redes foto da carta e outro documento assinado pelo prefeito para compará-los.
“Estão me ofendendo injustamente, imputando crimes inexistentes e tentando desacreditar o legislativo municipal", disse Silva, afirmando que solicitará "a realização de perícia grafotécnica nas referidas cartas de renúncia", para comprovar que os documentos foram assinados "pelos punhos do ex-prefeito e do ex-vice-prefeito, os quais desafio a se submeterem a tal exame”.
A Polícia Civil de Alagoas abriu um inquérito e está investigando a veracidade das cartas lidas no plenário da Câmara e afirmou que “a equipe já realizou diversas diligências e segue com os trabalhos nesta terça-feira (1º). A expectativa é que novas informações surjam nos próximos dias para esclarecer o caso”.
A primeira decisão favorável aconteceu nesta terça-feira. No mesmo dia, a Câmara ainda entrou com um pedido de suspensão da liminar, mas o desembargador Fábio Bittencourt, da 1ª Vara da Comarca de Rio Largo, manteve a decisão da Vara favorável ao prefeito e vice .
Disputa entre grupos de Lira e Renan na região
Há duas semanas, os dois políticos protagonizaram uma discussão em público durante um evento para o Dia Internacional das Mulheres, em que Gonçalves afirmou ao sobrinho que “quem colocou você aí fui eu”.
Em resposta, Carlos disse que não renunciaria ao mandato.
— O senhor disse a mim em praça pública que o povo de Rio Lago não quer um prefeito fraco. Quer um prefeito forte, que respeita o seu povo. E eu fui eleito com 32.496 votos — disse o atual gestor, antes de continuar: — Até 31 de dezembro de 2028, jamais vocês vão ver eu renunciar ao meu mandato.
A discussão ocorreu alguns dias após Carlos visitar Brasília sem o tio e encontrar com Renan Filho e seu pai, o senador Renan Calheiros, com direito a registros compartilhados nas redes sociais.