Prefeitos fecham as contas do ano, mas 71% culpam União pelas dificuldades. Entenda
Prefeitos também apontaram como dificuldade a instabilidade política e econômica. Reajustes salariais e saúde também estão entre os mais desafiadores.
A tradicional pesquisa anual da Confederação Nacional de Municípios (CNM) sobre o pagamento do 13º salário para o funcionalismo público municipal e a situação fiscal dos municípios mostra que 71,2% (3.186) dos prefeitos tiveram a crise financeira e a falta de recursos como o maior desafio de gestão nos últimos quatro anos. O levantamento com 4.473 municípios (80,33% do total do País) foi divulgado pela entidade na última sexta-feira.
Na pesquisa, 53,1% também apontaram como dificuldade a instabilidade política e econômica. Reajustes salariais e saúde também estão entre os mais desafiadores, com 47,8%. Em seguida, vêm Censo, com 45,1% e desastres naturais, com 34,2%. Apesar da maioria ter lidado com dificuldades financeiras, 80,9% (3.619) dos respondentes afirmam que vão encerrar o ano e o fim de mandato com as contas em dia. À Confederação, 1.055 (22,5%) gestões municipais responderam que vão encerrar os mandatos deixando restos a pagar (RAP) para a próxima gestão, outras 3.162 (70,7%) não deixarão esse tipo de pendência.
“Esse cenário mostra os desafios que são sentidos na ponta pelos gestores, especialmente em um contexto de aumento de responsabilidades, sem a contrapartida de recursos, que estão cada vez mais concentrados na União. Entendemos que conquistas do movimento municipalista, como o repasse extra do FPM, contribuem significativamente para esse fechamento do ano dos Municípios, como mostrou o levantamento”, diz o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Segundo ele, é necessário e urgente debater e levar adiante medidas estruturantes para os municípios, como a aprovação da PEC da Sustentabilidade Fiscal e a regulamentação de uma Reforma Tributária que leve em consideração as premissas de autonomia e descentralização dos recursos de forma a fortalecer os entes locais.
A pesquisa também questionou os gestores que se reelegeram quanto à confiança no desempenho das finanças para o próximo ano, havendo 1.017 respostas. O resultado mostra equilíbrio entre os que estão confiantes e muito confiantes e os que estão nada confiantes ou pouco confiantes. Enquanto 49,3% dos gestores demonstram que estão confiantes ou muito confiantes, o percentual dos que estão pouco confiantes ou nada confiantes é de 49,1%.
13º salário
Os dados coletados também indicam esforços dos municípios para manter o pagamento de salários em dia, mesmo sob relato de falta de recursos durante a gestão. Em 98,3% (4.402) das prefeituras que responderam à pesquisa a folha de pagamento está em dia (97,3%).
O cenário também é de pagamento do 13º salário até o próximo dia 20 de dezembro. Até o momento, 2.691 (60,2%) Municípios informaram à CNM que pagaram a primeira parcela ou parcela única, enquanto outros 1.644 (36,8%) responderam que pagarão até 20 de dezembro. Apenas 58 (1,3%) relatam que haverá atraso.