Presidente da Fiepe defende cota de 'sacrifício' dos bancos privados
Dirigente defende que BC poderia imprimir obrigatoriedade
Diante dos impactos da pandemia do novo coronavírus sobre o setor produtivo, o presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger, chama a atenção para o papel dos bancos privados nessa hora.
Ele realça que essas instituições mostraram-se resistentes a oferecer crédito por "receio de calote". E defende que o cenário inédito para o mundo todo gera uma oportunidade de "o banco mostrar, agora, a parte social dele". À coluna, Essinger indaga: "Você ganha, ganha, ganha e, no dia que tem um problema, você tira o corpo fora?" E cobra: "Tem que participar dos prejuízos também!". Na avaliação dele, "os bancos privados tiveram lucros enormes e, nesse momento, deveriam fazer sacrifício, mesmo que o lucro fosse zerado, e não estar cobrando taxas altas com receio de calote".
Ao anunciar uma linha emergencial de crédito no valor de R$ 40 bilhões na última sexta-feira, visando a ajudar empresas a pagarem os salários de seus trabalhadores, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez questão de realçar que, de cada R$ 20 bilhões ao mês do programa, R$ 17 bilhões são de recursos do Tesouro Nacional. Especialistas já leram, ali, uma resposta à atitude dos bancos, que vinham resistentes a realizar operações de crédito na atual conjuntura. "A empresa não tem prejuízo? Por que que o banco tem que ter condição especial?", questiona Essinger. Na análise do presidente da Fiepe, o Banco Central deveria baixar medidas gerando alguma obrigatoriedade a esses bancos. "Ainda está faltando uma atuação em cima dos bancos", argumenta Essinger. Ontem, em nota, a Fiepe cobrou "medidas mais enérgicas" do Governo do Estado, sobretudo para as micro e pequenas empresas. As primeiras medidas anunciadas pela gestão Paulo Câmara foram consideradas insuficientes pela Fiepe. "A demanda maior (do setor) é você permitir que impostos sejam prorrogados e que o pagamento deles seja adiado por 90 dias, com possível parcelamento do que se atrasar", informa Ricardo Essinger. Para ele, o decreto do Estado apresenta uma "postergação de documentos sem uma postergação de impostos".