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CPI do 8 de Janeiro

Presidente de CPI do 8 de janeiro acena aos dois lados

Arthur Maia é relator do marco temporal para terras indígenas, que contraria PT, mas possui cargo no governo Lula

Presidente da CPI dos Ataques Golpistas, deputado Arthur Maia Presidente da CPI dos Ataques Golpistas, deputado Arthur Maia  - Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Presidente da CPI dos Ataques Golpistas, deputado Arthur Maia (União-BA) tem dividido opiniões tanto entre petistas quanto na ala bolsonarista desde que assumiu o posto, considerado estratégico pelos dois lados.

A trajetória recente do parlamentar é marcada por sinais difusos. Aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ele apoiou Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022, hoje é o relator do marco temporal das terras indígenas, considerado desastroso pelo PT, e no passado votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Por outro lado, ele tem se aproximado do governo e conseguiu manter indicado num cargo da máquina federal.

O histórico de posições contrárias ao petismo, entretanto, não faz com que ele seja unanimidade entre os bolsonaristas, que tentam usar a CPI para associar os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos ataques de 8 de janeiro. Integrante do União Brasil, partido que indicou titulares de três ministérios, Arthur Maia mostrou a sua influência junto ao Executivo quando conseguiu segurar Harley Nascimento, seu aliado, no comando da superintendência baiana da Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Durante as negociações para a escolha do presidente da CPI mista, o nome de Maia foi considerado mais “neutro” entre as opções na mesa. Além disso, ele contou com o apoio de Lira. Nesse cenário, Maia é visto com desconfiança por correligionários de Bolsonaro, que almejavam o posto. Um deles era o deputado André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento de criação do colegiado.

— Não é um de nós, mas torcemos para que colabore para que as investigações andem. Pelo menos, é adversário local do PT na Bahia e sabe que estivemos ao lado dele no acordo que o deixou na presidência da CPI. Apostamos na coerência de postura — diz o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), designado para coordenar os trabalhos dos bolsonaristas na Comissão Parlamentar de Inquérito.

Deputado desde 2011, Maia já trocou seis vezes de partido. No ano passado, presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), antes de apoiar Bolsonaro contra Lula.

— A economia liberal em todo mundo tem gerado mais oportunidades e trazido desenvolvimento para os países. Diante disso, não posso me filiar e apoiar esse modelo socializante do PT — declarou à época.

Relator do projeto de lei que estabelece um marco temporal para a demarcação de terras indígenas, ele comemorou a aprovação da urgência para a tramitação da matéria, esta semana. Pela proposta, só teriam validade áreas que já estavam ocupadas na promulgação da Constituição de 1998. Embora o governo tenha liberado a base aliada na votação, o tema contraria bandeira do PT e da esquerda.

— É inaceitável que ainda prevaleça a insegurança jurídica e que pessoas de má-fé se utilizem de autodeclarações como indígena para tomar de maneira espúria a propriedade alheia, constituída na forma da lei, de boa-fé e de acordo com o que estabelece a Constituição brasileira — afirmou.

Na caminhada até se tornar presidente da CPI, Maia também relatou a Reforma da Previdência no governo de Michel Temer (MDB). Próximo a outras figuras influentes, como Lira e o secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, Maia garante que terá atuação técnica na comissão.

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