Presidente do PSB se diz 'chocado' com fala de Lula sobre Israel e lamenta 'profundamente'
Ao Globo, Carlos Siqueira demonstrou contrariedade com a postura do aliado
A comparação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza e a perseguição da Alemanha nazista contra os judeus durante o Holocausto foi mal recebida entre integrantes de partidos aliados. Ao Globo, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que ficou "chocado" com o discurso de Lula durante o fim de semana e que não há razão para a construção do paralelo. O partido de Siqueira indicou o vice para a chapa do petista nas eleições de 2022, Geraldo Alckmin, e hoje faz parte da base no Congresso.
Além de criar uma crise diplomática com Israel, a postura de Lula repercutiu no meio político, inclusive com o recolhimento de assinaturas, pela oposição, para a abertura de um processo de impeachment. Em entrevista a jornalistas na Etiópia, durante a cúpula da União Africana, Lula também qualificou a guerra contra o Hamas de genocídio.
— Eu lamentei profundamente, porque acho que foi uma comparação que não faz sentido nenhum. Acho que o episódio triste do holocausto, e o que está acontecendo, são coisas totalmente fora de contexto. Não há razão para essa comparação. Lamento profundamente que isso tenha acontecido — disse o presidente do PSB, que acrescentou: — Acho lamentável, primeiro, poque genocídio não é. Há problemas, e os problemas foram provocados por grupos terroristas que usam escudos humanos, em hospitais, e usando crianças. O Hamas provocou isso, porque foi lá a Israel e fizeram a matança. O que eu esperava era a cobrança para entrega de reféns, porque ainda há mais de uma centena que lá estão e foram sequestrados pelo tenebroso grupo terrorista que se chama o Hamas.
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Ao fazer a comparação no domingo, Lula fez referência ao momento da História em que 6 milhões de judeus foram mortos durante o Holocausto.
— O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus — disse Lula.
A fala do presidente brasileiro causou indignação ao governo de Israel, que convocou o embaixador brasileiro, Frederico Mayer, para uma reunião em um local fora dos padrões diplomáticos: o Museu do Holocausto, em Jerusalém. Lula então foi considerado "persona non grata" em Israel, até que fizesse uma retratação. Assessor da Presidência, Celso Amorim afirmou que a retaliação era "um absurdo", sinalizou que não haveria desculpas, e agora o Brasil deve chamar de volta seu embaixador, o que agrava a crise.
— Pedir desculpas cabe a quem faz, mas eu não quero dar sugestão a ele. Apenas quero dizer que fiquei chocado com a comparação, sinceramente — acrescentou Siqueira: — Podem ter opiniões, cada um tem o direito, mas também há as responsabilidades e as consequências (para a relação com) um país importantíssimo como Israel. Agora, o que ele vai fazer ou que deixa de fazer, não me compete fazer sugestões ao presidente da República.