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Presidente do PSDB-SP diz que partido não apoiará Nunes se Bolsonaro indicar vice

José Aníbal enfatiza que tucanos querem protagonismo na chapa do prefeito de São Paulo e, caso não tenham, podem lançar candidatura própria ou apoiar Tabata Amaral (PSB)

 José Aníbal José Aníbal - Foto: Reprodução/X

José Aníbal, presidente do diretório municipal do PSDB em São Paulo, disse que o partido não apoiará a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “golpista”, seja o responsável pela escolha do vice.

"Há quatro semanas, o Marconi Perillo (presidente nacional do PSDB) se reuniu com o ex-presidente Michel Temer e expressou o nosso interesse em indicar o vice do Ricardo Nunes. Disse também que, se essa escolha ficar a cargo do Bolsonaro, evidentemente criará um constrangimento muito forte para nós. O PSDB não vai se coligar com Bolsonaro, que é um golpista. Essa possibilidade está descartada" disse Aníbal, citando o depoimento dos ex-comandantes do Exército e Aeronáutica confirmando que Bolsonaro apresentou hipóteses para dar um golpe de Estado e impedir a posse de Lula.

Nesta terça-feira (19), veio a público um e-mail enviado pelo tesoureiro do Cidadania em São Paulo, Carlos Eduardo Batista Fernandes, ao presidente da federação PSDB-Cidadania, Bruno Araújo, na qual ele repudia a informação, supostamente trazida por Aníbal, de que o PSDB decidiu apoiar a candidata do PSB na capital paulista, Tabata Amaral.

O dirigente do Cidadania questiona a decisão e o fato de sua sigla não ter sido consultada. Também diz ser uma contradição "romper com um legado construído com as mãos, cérebros e corações do PSDB e do Cidadania", referindo-se ao fato de Nunes ter herdado o governo conquistado pelo tucano Bruno Covas, morto em maio de 2021.

Aníbal negou que o partido tenha batido o martelo sobre o rumo que tomará na campanha à prefeitura de São Paulo e chamou de “irresponsável” o e-mail de Fernandes. O dirigente municipal do PSDB afirmou que mantém conversas com o prefeito Ricardo Nunes para negociar a presença do partido na sua chapa. Os dois conversaram ontem, por telefone.

"Eu falei para ele que o problema é a presença do Bolsonaro. O PSDB, na sua fundação, destacou a democracia como valor absoluto" declarou Aníbal, que reforça a busca pelo protagonismo do partido na chapa. "O protagonismo do PSDB (neste caso) é a indicação do vice. Se não tivermos essa condição, vamos buscar uma alternativa".

Enrico Misasi, presidente do diretório municipal do MDB de São Paulo, lembra que o PSDB sempre foi o contraponto ao PT na cidade de São Paulo.

"Hoje, a capital paulista tem as finanças em dia, tem projetos, tem entregas. Estas conquistas não podem ser comprometidas com a eleição de alguém que tenha o apoio dos adversários históricos do PSDB no município. Assim, o lugar natural do PSDB é na nossa coalizão, junto ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e contra o PT e seus representantes”, afirmou Misasi, em nota.

Embora Aníbal coloque o apoio de Bolsonaro como um impeditivo para apoiar a reeleição de Nunes, o PSDB vive uma onda de adesões ao bolsonarismo desde 2018, como mostrou O GLOBO. No mais recente episódio, Bolsonaro convidou o ex-governador do Paraná Beto Richa para se filiar ao PL e concorrer à prefeitura de Curitiba. O ex-governador voltou atrás após tucanos falarem que não iriam liberar desfiliação.

Aníbal disse que não descarta uma candidatura própria em São Paulo, mas aliados de Tabata se dizem otimistas quanto a uma possível composição com o partido. A deputada federal tem a simpatia de Perillo e outros nomes que hoje governam a legenda. Agrada aos tucanos os ataques que Tabata tem feito ataques a Guilherme Boulos (PSDB), apesar de ambos estarem no campo progressista, e o apoio que ela terá de nomes de peso como o vice-presidente Geraldo Alckmin — ele próprio um ex-tucano. Mas Nunes tem o apoio de todos os vereadores e deputados estaduais da sigla.

Enquanto a eleição municipal em São Paulo aproxima alguns partidos de olho na construção de alianças, o PSDB vai na direção contrária. A indefinição sobre apoiar a tentativa de reeleição de Nunes vem alargando a cratera que engole o partido.

O PSDB vive uma espécie de “Guerra dos Tronos” em meio à disputa fratricida pelo controle de diretórios. O diretório municipal de São Paulo tem sido um dos focos de atrito, por ser o órgão responsável pela definição da candidatura na capital. Após Orlando Faria ter assumido o posto por alguns meses e renunciado em meio a pressão, agora a cadeira está com Aníbal.

O diretório estadual também vive uma batalha. A cúpula tucana anulou a eleição que havia determinado o nome de Marco Vinholi como novo presidente paulista, no começo de março, e colocou em seu lugar o prefeito de Santo André, Paulo Serra.

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