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PRESIDENTE DO PL

Preso e com pepita de ouro apreendida pela PF, Valdemar é sócio de garimpeiro

Presidente do PL tinha pepita de ouro avaliada em R$ 11,7 mil; item é compatível com extração de garimpo

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto O presidente do PL, Valdemar Costa Neto  - Foto: Beto Barata/PL

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, preso em flagrante nesta quinta-feira por posse ilegal de arma, tinha com ele uma pepita de ouro com cerca de 39 gramas. Segundo a Polícia Federal, o item é compatível com a extração de um garimpo, e tem valor estimado em R$ 11,7 mil. Conforme publicado pelo Uol, o ex-deputado é sócio do garimpeiro Francisco Jonivaldo Mota Campos, coordenador do movimento “Garimpo É Legal” no estado do Amazonas.

A Polícia Federal fará uma análise química do ouro encontrado na casa de Valdemar para identificar de qual região a pepita foi extraída. A probabilidade da pedra ser de origem ilegal é grande, uma vez que a maior parte dos garimpos que operam no Brasil são clandestinos, publicou a colunista Bela Megale.

Em 2022, foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo que Valdemar tinha em seu nome uma madeireira no Amazonas chamada Agropecuária Patauá. A empresa foi fundada na década de 1980, e diz atuar na “fabricação de madeira laminada, compensada, prensada e aglomerada”. Em fevereiro de 2000, outra empresa, a Reflorestadora Holanda, comprou 75% da Patuá.

Ainda de acordo com a Folha, a Reflorestadora Holanda pertence ao empresário Francisco Jonivaldo. O garimpeiro respondia a uma ação civil pública no Ministério Público Federal sob acusação de dano ambiental por supostamente desmatar uma área de floresta nativa da Amazônia sem autorização do órgão ambiental competente. À época, Jonivaldo afirmou que a acusação era “provavelmente um engano” porque ele não teria áreas na região indicada pelo Ministério Público.

Entenda o caso
Valdemar estava sendo alvo de um mandado de busca e apreensão em uma ação que investiga a tentativa de golpe de Estado e a abolição do Estado Democrático de Direito, quando foi flagrado com uma arma com registro irregular, documentação vencida e em nome do filho dele. Na decisão que deferiu as medidas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o ex-deputado é tido pela PF como o “principal fiador” dos questionamentos sobre as urnas eletrônicas.

Entre os alvos da Operação Tempus Veritatis (hora da verdade, do latim), estavam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e alguns de seus principais aliados, como ex-ministros de seu governo. Em manifestação sobre as medidas solicitadas pela PF, o procurador-geral da República Paulo Gonet informou haver indícios da participação de Valdemar no “sistema delituoso que se apura”. No relatório que embasou a ação, a polícia afirmou que o PL foi usado para financiar uma tentativa de golpe de Estado.

Ainda segundo a PF, o plano golpista tinha como objetivo prender os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), antes da posse de Lula. A ideia era manter Jair Bolsonaro no poder.

Quem é Valdemar Costa Neto?
Valdemar já foi personagem de destaque em eleições presidenciais, no esquema do mensalão, no impeachment de Dilma Rousseff e na mudança para o outro lado do espectro político, quando apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 contra seu ex-aliado e atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em agosto de 2005, o ex-deputado renunciou ao seu mandato parlamentar. Ele foi o primeiro congressista acusado de envolvimento com o mensalão a perder o cargo, após as denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

O dirigente do PL foi convocado pela CPI do Mensalão e quando assumiu ter recebido, dentro do esquema, R$ 6,5 milhões, entre fevereiro de 2003 e janeiro de 2004, para pagar dívidas de campanha presidencial de Lula, que tinha o senador José Alencar (PL-MG), falecido em 2011, como seu vice. Em seu discurso de renúncia, alegou ter sido “induzido ao erro”, mas garantiu que os recursos não eram destinados ao esquema de compra de apoio parlamentar para a aprovação de projetos do petista.

Valdemar escapou da cassação do mandato pelo Conselho de Ética da Câmara ao deixar o cargo, e manteve seus direitos políticos. Foi reeleito em 2006 e em 2010, mas acabou condenado a sete anos e dez meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e teve sua prisão decretada pelo STF em 5 de dezembro de 2013. Após 11 meses detido, o STF concedeu o direito de o político terminar a pena em casa.

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