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Política

Pressão por declarar Hizbullah grupo terrorista opõe militares e núcleo olavista

O governo brasileiro também tem sido pressionado a declarar como grupo terrorista a organização islâmica fundamentalista Irmandade Muçulmana

Presidente Jair BolsonaroPresidente Jair Bolsonaro - Foto: Carolina Antunes/PR

A possibilidade de o Brasil declarar como grupo terrorista o Hizbullah opõe mais mais vez a ala olavista do governo e os militares.

Respondendo a uma pressão dos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o chanceler Ernesto Araújo trabalham para que a organização seja incluída na lista do governo brasileiro em que hoje estão a Al-Qaeda e o Taleban.

No entanto, há forte resistência no Ministério da Defesa, na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e na Polícia Federal.

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A milícia libanesa Hizbullah (partido de Deus, em árabe) surgiu em 1985 como um movimento de resistência a Israel, que àquela época ocupava o sul do Líbano.

A facção segue o ramo xiita do islã e se alinha ao Irã e ao regime da Síria. Há inúmeros atentados atribuídos ao Hizbullah, incluindo o ataque na Argentina em 1994, razão pela qual EUA, Israel e Argentina, mais recentemente, descrevem a organização como terrorista.

O filho do presidente Jair Bolsonaro defendeu publicamente a inclusão do Hizbullah na lista de grupos terroristas reconhecidos pelo Brasil nesta segunda-feira (19).

"Essa questão do Hizbullah envergonha o Brasil no exterior. Temos que mudar essa realidade o quanto antes", escreveu no Twitter o parlamentar, que também é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

"Desconheço argumentos plausíveis que justifiquem considerar o grupo terrorista Hizbullah como partido político."

Eduardo -que deve ser indicado por seu pai ao cargo de embaixador do Brasil em Washington- publicou a mensagem nas redes sociais ao comentar a decisão do Paraguai de declarar o Hizbullah uma organização terrorista, seguindo os passos da Argentina, que fez o mesmo há cerca de um mês.

Militares e agentes de inteligência brasileiros se opõem e afirmam acreditar que o Brasil deve evitar tomar lado no intrincado tabuleiro geopolítico do Oriente Médio.

Nas palavras de um militar, se ceder à pressão dos EUA nesse tema, o Brasil criará inimigos que hoje não existem no país e sofrerá uma redução na sua capacidade de conduzir sua política externa de forma independente de Washington.

Assim como ocorreu na promessa de campanha de Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, os militares temem que o Brasil vire alvo de atividades terroristas.

O governo brasileiro também tem sido pressionado a declarar como grupo terrorista a organização islâmica fundamentalista Irmandade Muçulmana.

Caso concretize o ato, o Brasil deve abrir uma nova frente de atrito com o Irã, aliado do Hizbullah e importante financiador do grupo.

As relações entre os dois países já foram impactadas nos últimos meses pela decisão da Petrobras de não vender petróleo a dois navios iranianos que ficaram quase 50 dias parados no porto de Paranaguá (PR).

A estatal brasileira temia ser alvo de sanções dos EUA, e a situação só foi resolvida após uma decisão do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, que determinou à empresa que o combustível fosse fornecido às embarcações.

Outro país que é contrário ao gesto é o Líbano, sede do Hizbullah e onde o grupo também atua como um importante partido político.

A pressão para que o Brasil declare o Hizbullah uma organização terrorista não vem apenas dos Estados Unidos. Países como Israel e Emirados Árabes Unidos -parceiros preferenciais do governo Bolsonaro na região- também têm defendido o ato em conversas com autoridades brasileiras.

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