Pressionado, Milton Ribeiro procura Arthur Lira e se oferece para prestar esclarecimentos
Ministro também se colocou à disposição da Comissão de Educação do Senado, que deve convocá-lo na próxima semana
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, se colocou à disposição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente da Comissão de Educação do Senado, Marcelo Castro (MDB-PI), nesta quarta-feira, para prestar esclarecimentos ao Legislativo sobre as suspeitas de tráfico de influência na pasta.
Além de fazer algumas ligações para autoridades, Ribeiro também recebeu alguns parlamentares governistas na sede do MEC, pela manhã, onde permanece recluso. No encontro, de acordo com relatos, ele demonstrou tranquilidade diante dos últimos episódios.
O ministro relatou que não descarta abrir um procedimento interno para avaliar as denúncias, que incluem até mesmo um suposto pedido de propina por parte do pastor Arilton Moura, aliado de Ribeiro e ligado a alguns membros da bancada evangélica. O caso foi revelado ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo.
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Na conversa com Marcelo Castro, pela manhã, Ribeiro disse que poderia ser ouvido imediatamente pela Comissão de Educação, independente da aprovação de requerimentos de convocação. Castro respondeu que não quer tomar essa decisão sozinho e prefere colocar os pedidos em votação amanhã, como já estava previsto. A proposta do presidente do colegiado é que Ribeiro seja ouvido já na próxima terça-feira.
Como a Comissão de Educação na Câmara ainda não foi instalada, Ribeiro optou por ligar ao presidente da Casa.
Aliados de Ribeiro consideram que não há nada que abone a conduta do ministro e minimizam a divulgação do áudio, revelado pelo jornal Folha de S. Paulo, no qual ele admite que repassa verbas para municípios indicados por dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Para pessoas próximas ao ministro, ele "exagerou" nas declarações, mas não cometeu irregularidades. Se houve algum erro, ponderam, foi Ribeiro ter confiado a interlocução da pasta nos estados em alguns momentos aos pastores, e não a parlamentares.
Conforme mostrou o GLOBO, o prefeito de Ijaci (MG), Fabiano Moreti, contou que só conseguiu ser recebido pelo ministro da Educação após a intervenção dos dois pastores suspeitos de fazerem lobby na pasta. Ele contou que também se reuniu com o presidente do Fundo Nacional de Educação (FNDE), Marcelo Lopes da Ponte, e que depois disso conseguiu recursos para erguer uma creche em sua cidade.
— O pastor tem mais moral que deputado. Eu sou aliado de deputados que não conseguem uma agenda para mim com o ministro. Conseguem com superintendentes e outros ocupantes de cargos menores – afirmou o prefeito.
Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), minimizou as denúncias sobre o MEC:
— Esse é um problema que não vai demorar muito a passar, até porque o ministro Milton já se colocou à disposição do presidente Lira e da Comissão de Educação no Senado para fazer as suas explicações. De antemão, não vejo nada que desabone o ministro. Observa-se que o áudio divulgado ficou fora de contexto, era uma fala de dia a dia, algo esporádico. Ele é um homem muito sério.
Após as movimentações de Ribeiro pela manhã, a bancada evangélica recuou e decidiu aguardar mais um pouco para se manifestar oficialmente sobre apoiar ou não a permanência do ministro no cargo.