Senado

Pressionado por governistas e oposição, Pacheco diz que decide sobre CPI do MEC no início da semana

Uma das possibilidades é juntar comissão para investigar suspeitas de corrupção no MEC com a de obras paradas no ministério, apresentada por aliados do Planalto

Presidente do Senado, Rodrigo PachecoPresidente do Senado, Rodrigo Pacheco - Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta quarta-feira (30) que deve decidir sobre a CPI do MEC no início da próxima semana. Pressionado pela oposição e por governistas, o senador afirmou que discutirá com os líderes do Senado sobre a abertura dessa comissão parlamentar de inquérito e de outras três que aguardam na fila. Segundo Pacheco, ele levará a questão ao colégio de líderes no início da semana que vem após a análise técnica dos pedidos, que será feita ao longo desta semana.

O líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou um pedido de CPI para investigar as suspeitas de corrupção na gestão de Milton Ribeiro no Ministério da Educação. Para barrar a criação do colegiado, os governistas ameaçaram ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso Pacheco não dê preferência a outras três comissões que já foram protocoladas à presidência do Senado.

Hoje, há três aguardando na fila: uma do líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ) sobre obras paradas do MEC em gestões passadas; uma de Eduardo Girão (Podemos-CE), sobre a atuação do narcotráfico no Norte e Nordeste do país, e de Plínio Valério, sobre a atuação de ONGs na Amazônia.

"O que cabe à presidência nesse instante é, sem preterir nenhuma iniciativa nem priorizar nenhuma iniciativa, tratar todas as iniciativas de senadores de forma igualitária e isonômica. Tudo isso vai ser avaliado pela presidência, vamos ouvir a advocacia do Senado, a consultoria do Senado e tomar a melhor decisão que eu acredito que deva ser no início da próxima semana", disse Pacheco.

Uma das possibilidades de Pacheco, conforme apurou O GLOBO, é instalar as quatro comissões. Assim evitaria de alguma das partes acionar o STF.

Outra possibilidade, mencionada por Pacheco hoje, é juntar a CPI do MEC com a comissão apresentada por Portinho, que quer investigar obras paradas do ministério. Segundo o presidente do Senado, há uma relação temática entre os dois pedidos.

Pacheco também afirmou que, após avaliar todos os cenários possíveis, vai levar a questão ao colégio de líderes para decidir se abertura das comissões é oportuna politicamente, devido à eleição. O senador já havia declarado que a proximidade com o período eleitoral poderia prejudicar os trabalhos de uma CPI.

"É inegável dizer que nos meses de agosto e setembro serão meses muito dedicados à questão eleitoral, então temos que avaliar o envolvimento dos partidos políticos, dos senadores, num propósito desses de investigação em diversas CPIs", disse.

Pressão

Pouco antes das declarações de Pacheco, Randolfe disse que tinha um "mal presságio" de juntar as duas CPIs. Segundo o líder da oposição, a possibilidade de fundir as duas comissões sobre o MEC faz parte da estratégia dos governistas de tumultuar as investigações.

"Nós, particularmente, entendemos que são objetos distintos. Eu tenho um mal presságio nessa ideia de unir as outras. Nós conhecemos e reconhecemos a retórica bolsonarista que pressupõe aquela máxima de contar uma mentira muitas vezes para que ela se torne verdade. A última vez que essa tentativa ocorreu foi para confundir o objeto real de uma comissão parlamentar de inquérito, que buscava investigar as razões porque de mais de 600 mil brasileiros morreram, foi a CPI da Pandemia", disse Randolfe.

O líder completou:

"Há uma intenção claramente de tumulto. Em princípio, nós da oposição somos avessos a essa ideia de juntar [as duas CPIs]", afirmou.

A possibilidade de juntar as duas CPIs foi aventada por Pacheco, após o presidente do Senado ter se reunido com aliados do Planalto no Congresso. Pela manhã, o parlamentar se encontrou com o filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e o líder do governo no Congresso, senador Eduargo Gomes (PL-TO).

Pacheco também conversou por telefone com Portinho. As três conversas giraram em torno da CPI, segundo interlocutores.

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