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Política

Prisão de Cunha é anunciada na Câmara e aliados adotam o silêncio

Chico Alencar (PSOL-RJ) relatou a prisão às 13h36 desta quarta-feira (19) durante a sessão na Câmara

Fila no posto de saúde no CarmoFila no posto de saúde no Carmo - Foto: Divulgação

Minutos após a confirmação da prisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um de seus principais adversários foi ao microfone do plenário da Câmara anunciar a notícia, mas apenas um dos seus outrora numerosos aliados se dispôs a comentar o assunto -e não o defendeu.

Chico Alencar (PSOL-RJ) relatou a prisão às 13h36 desta quarta-feira (19) durante a sessão que votava emendas ao projeto que altera as regras de exploração do pré-sal.

Não houve um só comentário. Só cerca de meia hora depois outros adversários de Cunha foram aos microfones e começaram a falar sobre o assunto. Um deles chegou a dizer que esta quarta marca o início do fim do governo de Michel Temer (PMDB), aliado de Cunha.

"Hoje é um dia histórico. O dia de hoje, 19 de outubro de 2016, é o começo do fim do governo Michel Temer. Eu duvido que um homem como Eduardo Cunha, acostumado a tomar os melhores vinhos, a visitar os melhores hotéis, a comer os melhores pratos, a desfrutar dos melhores sabores da vida, aguente a prisão em Curitiba sem fazer delação premiada", discursou Sílvio Costa (PTdoB-PE).

Ele ironizou, afirmando que "muitos parlamentares" e "muita gente no Palácio do Planalto" estaria aumentando a encomenda de tranquilizantes após a notícia da prisão de Cunha.

O único a falar em tom destoante foi o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), segundo quem a oposição não deveria comemorar pois o próximo a ser preso pode ser o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"O governo está em silêncio porque o Brasil está mudando e vai continuar a mudar. A Polícia Federal e o Ministério Público continuam investigando e quem cometeu seus crimes vai pagar por eles. E hoje foi o Cunha, mas amanhã pode ser o Lula. E espero que essa tribuna não seja usada para show de pirotecnia. Vai ter muito mais prisão do lado de lá do que do lado de cá", disse o deputado do DEM, aliado de Cunha.

Eleito presidente da Câmara em fevereiro de 2015, Eduardo Cunha foi um dos mais poderosos políticos dos últimos anos, tendo desempenhado papel central no processo que resultou no impeachment de Dilma Rousseff. No auge de sua gestão contava com o apoio explícito da grande maioria dos deputados.

Sua derrocada se deu devido às suspeitas de envolvimento no petrolão, o que resultou no seu afastamento do mandato e da presidência da Câmara em 5 de maio deste ano, por decisão unânime e inédita do Supremo Tribunal Federal. Em setembro, ele teve o mandato cassado com 450 votos de seus 512 colegas.

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