Processo de compra de novo avião presidencial deve levar pelo menos um ano, diz Múcio
Ministro da Defesa fez a previsão após evento em São Paulo
O processo de aquisição de uma nova aeronave presidencial deve levar cerca de um ano e pode chegar a 18 meses, de acordo com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Isso quer dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode usufruir pouco do novo modelo antes de disputar um novo mandato, em 2026.
— Você comprar o novo demora mais para você fazer uma adaptação no ambiente comum, mas eu espero que dentro de um ano, um ano e meio, a gente tenha isso — comentou o ministro, na saída de um evento de agronegócio em São Paulo.
Múcio ficou encarregado de apresentar opções de compra após viagem do mandatário à Rússia, para reunião dos Brics. Lula, contudo, não embarcou por precaução médica depois de sofrer um acidente doméstico. O presidente estava sentado em um banco que escorregou no banheiro. Bateu a parte de trás da cabeça e precisou levar cinco pontos.
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Segundo o ministro, a compra de novas aeronaves é necessária porque há deficiência na frota do governo federal e os modelos atuais, que incluem não apenas o avião presidencial, mas também aeronaves menores que chegam antes ao destino com assessores, têm passado por “manutenções frequentes”.
A Defesa já estaria recebendo orçamentos, mas o chefe da pasta não especificou qual o modelo buscado para atender Lula, que pode ser um A320. Ressaltou, por outro lado, que deve ter mais autonomia de voo e quantidade de assentos.
— Não são aeronaves simples, comuns, que você pode comprar de uma empresa aérea, mas nós já estamos recebendo orçamentos para poder fazer o julgamento — relata.
— Tem que ser um avião grande para fazer voo longo, como esse que ia para a Rússia e a China, sem fazer escala. O presidente tem feito um trabalho muito grande nessa área de política externa. Mas não é uma coisa simples que se resolva de um dia para o outro — completou o ministro.
No dia 1º de outubro, a aeronave usada por Lula, um Airbus A319CJ (VC-1), conhecido como "Aerolula", apresentou problemas logo depois de decolar na Cidade do México e precisou ficar dando voltas no ar por quase cinco horas para gastar combustível antes de aterrissar no mesmo aeroporto.
A Força Aérea informou que o avião teve uma “anomalia técnica” que resultou em “alta vibração em uma das turbinas”.
— Aquele acidente que aconteceu com ele é simples, desagradável porque a pessoa tem que ficar quatro horas até que os tanques fiquem vazios para poder pousar, mas não é uma coisa que se resolve imediatamente.
O avião que costuma transportar o presidente é de 2004, foi montado em Hamburgo, na Alemanha, tem capacidade para até 39 passageiros e conta com autonomia de 11,2 mil quilômetros, segundo a fabricante.
A troca passou a ser discutida logo nos primeiros meses de governo, mas ganhou força depois do incidente no México e de uma viagem ao Japão que demandou duas escalas. O presidente tem 78 anos, e cada parada traz custos com tarifas aeroportuárias e risco à segurança.
A compra precisa ser autorizada pelo Congresso. Em entrevistas, Lula já deu mostras de que pretende adotar o discurso de que o investimento não é meramente para atendê-lo, e sim a instituição, beneficiando todos os presidentes eleitos daqui por diante e seus ministros, que costumam "pegar carona" nos jatinhos da FAB.
A viagem do presidente para a cúpula dos Brics, na Rússia, seria feita em um Airbus A330-200 (KC-30), o maior avião da FAB, com capacidade para 250 passageiros e autonomia de 16 horas.
O modelo, no entanto, não conta com o mesmo conforto do avião presidencial, dividido em três espaços, incluindo uma sala com mesas e cadeiras na parte do centro e espaço a bordo em separado destinado a autoridades.
A possibilidade de adaptar o modelo adquirido no governo de Jair Bolsonaro (PL) também foi levantada entre os militares. Para isso, seria preciso colocar internet, suíte com chuveiro e sala reservada para que o presidente possa despachar, por exemplo, o que demanda custos.