Procurador-geral espera eleições 'sem maior turbulência' no Brasil
Augusto Aras cumpre atualmente seu segundo mandato à frente da PGR, com mandato até setembro de 2023
O procurador-geral da República, Augusto Aras, garantiu nesta segunda-feira (11) que, apesar do forte clima de polarização, o Brasil viverá em outubro uma eleição "sem maior turbulência".
Dois dias após o assassinato de um militante do Partido dos Trabalhadores (PT) por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro em Foz de Iguaçu, Aras afirmou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) colaborará com as autoridades do estado do Paraná para esclarecer o caso.
"A polarização é um aspecto social que já preocupa há um tempo a todos", declarou o procurador-geral, durante uma entrevista para correspondentes estrangeiros.
Aras assumiu o cargo em setembro de 2019, após ser indicado por Jair Bolsonaro e ter seu nome aprovado no Senado. Cumpre atualmente seu segundo mandato à frente da PGR, com mandato até setembro de 2023.
Questionado sobre as recorrentes críticas do governo ao sistema eleitoral das urnas eletrônicas, que Bolsonaro desacredita sem apresentar provas de sua suposta vulnerabilidade, Aras descartou que as declarações do presidente possam se traduzir em uma contestação concreta à eleição.
"Eu tenho defendido que quem ganhar a eleição vai levar, vai tomar posse, sem maior turbulência", disse Aras.
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O Brasil elegerá seu próximo presidente em 2 de outubro e as pesquisas apontam para um favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro acusa a justiça eleitoral de trabalhar para o retorno da esquerda ao poder.
"A retórica política não se confunde com o discurso jurídico", declarou Aras, acrescentando que nem toda declaração constitui um crime.
O procurador-geral afirmou que a urna eletrônica teve "sucesso" ao longo dos anos na integridade dos pleitos, mas destacou que "qualquer sistema exige aprimoramento".
"Não se trata de uma volta ao voto impresso, seria um retrocesso para uma geração como a minha que conheceu fraudes (...) mas defendemos para o futuro uma evolução no sentido de que tenhamos meios de alcançar uma verificação extraordinária, não havendo motivo de que se duvide da autenticidade do resultado".
Aras procurou se desvincular das críticas que apontam para uma suposta condescendência da PGR com o governo, ao garantir que durante sua gestão foram abertos oito inquéritos contra Bolsonaro e que dois governadores aliados do presidente foram afastados do cargo.
O procurador-geral também citou as recomendações levadas pelas Forças Armadas a uma comissão do tribunal superior eleitoral para dar maior transparência à eleição, apoiadas por Bolsonaro.
"Se o presidente do TSE entender cabível que as Forças Armadas participem do processo, essa participação poderá ocorrer de forma normal. O que não podemos admitir é uma interferência forçada das Forças Armadas no processo eleitoral porque as Forças Armadas têm suas competências na Constituição", completou Aras.