Acordo

PT chega a acordo, e filho de Zé Dirceu vai liderar bancada no primeiro ano do governo Lula

Escolha por Zeca Dirceu põe fim a uma disputa interna na legenda e é vista internamente como uma forma de contemplar o ex-ministro, pai do deputado

Zeca DirceuZeca Dirceu - Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O PT definiu que o deputado Zeca Dirceu (PR) será o líder da bancada na Câmara no primeiro ano do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O acordo costurado entre as diferentes correntes da sigla é fazer um revezemanto na função. Assim, o deputado Odair Cunha (MG) assumirá o posto em 2024, enquanto Lindbergh Faria (RJ) e Pedro Uczai (SC) assumirão a liderança em 2025 e 2026, respectivamente.

A escolha por Zeca Dirceu põe fim a uma disputa interna na legenda e é vista internamente como uma forma de contemplar o ex-ministro José Dirceu, pai de Zeca. Chefe da Casa Civil na primeira gestão de Lula, o petista ficou de fora da composição dos principais cargos no novo governo e nem sequer esteve entre os convidados para a cerimônia de posse, no domingo.

Ao Globo, ele disse ter preferido acompanhar a solenidade entre militantes para evitar eventuais repercussões negativas da sua presença. O ex-ministro foi um dos pivôs dos escândalos do mensalão, pelo qual foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Ele também foi alvo da Lava-Jato.

Zeca negou que a escolha pelo seu nome tenha tido a finalidade de contemplar o pai

— Não há qualquer relação. A escolha ocorreu de maneira democrática. É uma honra liderar o PT na Câmara neste momento, eu cresci neste partido — afirmou.

A negociação pela vaga de líder da bancada envolveu também o preenchimento de outros postos-chave do partido na Câmara. A deputada Maria do Rosário (RS) será a indicada para a vaga reservada à legenda na Mesa Diretora. O PT, contudo, ainda negocia com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) — a quem a sigla já declarou apoio à reeleição — se ficará com a vice-presidência ou a 1ª secretaria.

CCJ

Lideranças petistas, contudo, já admitem que o partido pode abrir mão do comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o principal colegiado da Câmara, em nome de um acordo que isole o PL, sigla de oposição dono da maior bancada na Casa. A ideia é oferecer o posto a algum partido aliado para montar um "blocão governista" sem a legenda de Jair Bolsonaro.

Nas contas de parlamentares do PT, além das legendas de esquerda, o grupo deve contar também com PSD, MDB e ainda tenta atrair o União Brasil. Na costura que tem sido discutida, as quatro principais legendas se alternariam anualmente à frente CCJ. Neste caso, caberia ao PT a Comissão Mista do Orçamento.

A construção do "blocão" é uma forma de neutralizar o PL e formar um grupo que vote de acordo com os interesses do governo, além de impedir que os opositores assumam a CCJ. Atual presidente da Câmara, Lira desponta como favorito para a reeleição e conta com o apoio de partidos aliados do Palácio do Planalto. Em troca, petistas negociaram com ele o compromisso de que não vai atrapalhar os planos da legenda em construir o maior bloco partidário.

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