Guerra

PT critica assassinatos e sequestros de civis cometidos tanto pelo Hamas quanto por Israel

Legenda do presidente Lula citou nominalmente o grupo terrorista pela primeira vez, mas frisou que mantém "relações partidárias" apenas com outras organizações palestinas

Explosão em Gaza durante os conflitos na região Explosão em Gaza durante os conflitos na região  - Foto: Aris Messinis/AFP

O Partido dos Trabalhadores divulgou, em seu site, na tarde desta segunda-feira, uma nova nota oficial a respeito do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Ao contrário do primeiro texto, publicado no dia 7 de outubro, data do primeiro ataque da organização extremista, o Hamas é, desta vez, citado nominalmente pelo partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O comunicado do PT, no entanto, recrimina em igual medida o próprio Estado de Israel. "Condenamos os assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel, que realiza, neste exato momento, um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra", diz a nota, assinada pelo Diretório Nacional da sigla. O primeiro texto era chancelado por Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Romenio Pereira, secretário de Relações Internacionais da legenda.

Em outro trecho, o partido frisa que mantém, historicamente, "relações partidárias unicamente com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), assim como com a Autoridade Nacional Palestina, sediada em Ramallah". Desde que o conflito eclodiu, a oposição, sobretudo grupos bolsonaristas, vem tentando vincular o Hamas diretamente ao PT.

"O PT apoia, desde os anos 1980, a luta do povo palestino por sua soberania nacional, bem como a Resolução da ONU pela constituição de dois Estados Nacionais, o Estado da Palestina e o Estado de Israel, garantindo o direito à autodeterminação, soberania, autonomia e condições de desenvolvimento, com economia viável para a Palestina, buscando a convivência pacífica entre os dois povos", pontua o texto.

O partido também aproveita o comunicado para parabenizar "os esforços compreendidos pelo governo brasileiro, sob a condução do presidente Lula", na "repatriação rápida de brasileiros na região do conflito e pelo acesso à ajuda humanitária na região da Faixa de Gaza". "O PT manifesta apoio à atuação do Brasil, inclusive no Conselho de Segurança da ONU, em linha com a tradição diplomática brasileira, em prol de um cessar fogo e pelo cumprimento das resoluções da ONU", prossegue.

"O PT alerta contra os riscos de uma escalada do conflito. O mundo não precisa de mais guerras. O mundo precisa de paz", acrescenta a legenda. "O PT convoca sua militância a participar das atividades em defesa da paz, em defesa da solução dos dois Estados (Palestina e Israel) e em defesa dos direitos do povo palestino a uma vida pacífica e com soberania nacional", conclui o texto.

Desde o primeiro ataque do Hamas em Israel, a oposição tem pressionado tanto Lula quanto o governo como um todo a recriminar com veemência a ofensiva do grupo. O estado brasileiro, contudo, segue a posição da ONU, que não classifica o Hamas oficialmente como terrorista.

Veja a íntegra da nota divulgada nesta segunda-feira:
"O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, reunido no dia 16 de outubro de 2023, aprovou a seguinte resolução sobre a situação na Palestina e Israel.

O PT apoia, desde os anos 1980, a luta do povo palestino por sua soberania nacional, bem como a Resolução da ONU pela constituição de dois Estados Nacionais, o Estado da Palestina e o Estado de Israel, garantindo o direito à autodeterminação, soberania, autonomia e condições de desenvolvimento, com economia viável para a Palestina, buscando a convivência pacífica entre os dois povos.

O PT historicamente mantém relações partidárias unicamente com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), assim como com a Autoridade Nacional Palestina sediada em Ramallah.

O PT condena, desde a sua fundação, todo e qualquer ato de violência contra civis, venham de onde vierem. Por isso, condenamos os assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel, que realiza, neste exato momento, um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra.

O PT parabeniza os esforços compreendidos pelo Governo brasileiro, sob a condução do Presidente Lula, direto à repatriação rápida de brasileiros na região do conflito e pelo acesso à ajuda humanitária na região da Faixa de Gaza, com a retirada dos bloqueios fiscais por Israel que impactam diretamente à população civil, além do pronto restabelecimento do fornecimento de água, energia elétrica, alimentos, medicamentos e combustíveis na região, bem como a defesa da liberação imediata dos reféns civis israelenses.

O PT manifesta apoio à atuação do Brasil, inclusive no Conselho de Segurança da ONU, em linha com a tradição diplomática brasileira, em prol de um cessar fogo e pelo cumprimento das resoluções da ONU, especialmente as que garantem a existência do Estado da Palestina e uma relação pacífica com Israel.

O PT alerta contra os riscos de uma escalada do conflito. O mundo não precisa de mais guerras. O mundo precisa de paz.

O PT convoca sua militância a participar das atividades em defesa da paz, em defesa da solução dos dois Estados (Palestina e Israel) e em defesa dos direitos do povo palestino a uma vida pacífica e com soberania nacional."

Veja a íntegra da nota divulgada no dia 7 de outubro:
"O Partido dos Trabalhadores expressa sua preocupação com a recente escalada de violência envolvendo palestinos e israelenses, com diversas vítimas civis, incluindo crianças e idosos.

O PT repudia todo e qualquer ato de violência e se solidariza com todas as vítimas e seus familiares.

Só há um caminho para a paz na região, que é a garantia de dois Estados, um palestino e um israelense, o cumprimento dos acordos de Oslo, que completam 30 anos em 2023, e o cumprimento das Resoluções da ONU.

Seguiremos perseguindo a paz e temos confiança no papel de que o Brasil poderá cumprir como mediador deste conflito histórico, situando-se à frente do Conselho de Segurança da ONU."

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