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Congresso Nacional

PT prepara ofensiva contra narrativa bolsonarista sobre atos de 8 de janeiro

Partido quer desbancar tese de que houve infiltrados de esquerda na depredação da Esplanada

Vidro destruído por atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 em BrasíliaVidro destruído por atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 em Brasília - Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

O PT quer aproveitar a visibilidade da CPI mista que vai investigar a manifestação golpista de 8 de janeiro para contra-atacar o discurso bolsonarista sobre o episódio.

Após o cerco se fechar contra os organizadores e financiadores dos atos, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro passaram a defender que a quebradeira nos prédios dos Três Poderes teria envolvimento do próprio governo Lula.

Também passaram a cobrar a instalação da CPI para investigar o suposto envolvimento dos petistas no caso, mas recuaram após o Palácio do Planalto resolver se reapropriar da pauta e formar maioria na comissão.

Na última segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou para tornar réus 131 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento nos ataques. Ato todo, 1.045 pessoas já se tornaram rés na Corte, que analise desde abril as denúncias. A PGR, por sua vez, apontou indício de crime contra 1.390 investigados.

A ofensiva do PT começou na quinta-feira e deve se estender de acordo com o clima dos trabalhos da CPI. O partido compartilhou o primeiro de uma série de vídeos, de pouco mais de dois minutos, produzidos para ajudar o partido a "desmistificar" a narrativa bolsonarista.

Intitulado "Bolsonaro é a cara do golpe", a peça visa afirmar que o PT foi vítima, e não articulador, do ato golpista. As imagens incluem cenas das depredações nos prédios e declarações de apoiadores de Bolsonaro sobre uma suposta fraude nas eleições, nunca provada.

"Enquanto o Brasil elegia um novo futuro, confiando na impunidade, conspiradores planejavam como instalar o caos, para manter o seu capitão no cargo", diz o vídeo.

O partido também colocou no ar um site chamado "CPMI do Golpe", com matérias, vídeos, podcast e material de apoio sobre o assunto. Há também uma aba para denúncias sobre informações falsas a respeito da comissão de inquérito.

"Em 8 de janeiro de 2023, apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram e atacaram as sedes dos Três Poderes com a clara intenção de promover um golpe de Estado e impedir que Lula, eleito democraticamente, governasse o país. Este site foi criado para reunir as várias provas existentes de que esses terroristas agiram sob orientação de Bolsonaro e seus cúmplices e foram financiados por empresários antidemocráticos e fiéis ao ex-presidente", diz a descrição do site.

— A gente entendeu que era necessário ter essa dinâmica de comunicação, porque a rede social é uma das principais trincheiras do bolsonarismo. Eles usaram uma estratégia de comunicação para convocar as pessoas a um golpe de Estado, então é indispensável a gente ter um contraponto a essa guerrilha de comunicação deles — afirma o deputado federal Rubens Rubens Pereira Júnior (PT-MA), um dos membros da CPI.

A estratégia se dá em meio à preocupação dos petistas de que bolsonaristas usem a visibilidade da CPI mista para difundir o próprio discurso. A comissão é presidida pelo deputado Arthur Maia (União-BA), nome de confiança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Já a relatoria foi entregue à senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o que representa uma vitória para o governo.

A sessão inicial do colegiado teve bate-boca e narrativas conflitantes entre a base governista e a oposição. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou seu pronunciamento para tecer críticas a esquerda e reiterar a narrativa de que houve infiltrados nos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

— Há relatos de que houve infiltrados, pessoas filiadas aos partidos de esquerda. Que Deus nos ilumine para dar sabedoria para apurar infiltrações, omissões e decisões arbitrárias.

Desde a campanha eleitoral, o partido tem se dedicado em como combater teorias conspiratórias e ataques virtuais contra si, frequente alvo da comunicação bolsonarista. A preocupação se tornou tema de seminários internos, em que os dirigentes vêm tentando entender de onde nascem as correntes de desinformação que circulam contra a legenda. Um desses eventos foi organizado em Brasília em 13 de abril, e outro está previsto em Porto Alegre em 7 de junho.

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