Quem é Charlie Kirk, extremista ligado à invasão do Capitólio e dono de evento que terá Bolsonaro
Agitador da extrema-direita americana, ele teria bancado ônibus que levaram manifestantes a comício que antecedeu ataque ao Congresso americano
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi anunciado como palestrante de um evento conservador programado para acontecer nesta sexta-feira, em Miami, no estado da Flórida, local onde ele reside desde que deixou o país na véspera da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A palestra é promovida pela Turning Point USA (TPUSA), organização fundada por Charles Kirk, jovem de 29 anos que é um popular agitador da extrema-direita americana.
"O Brasil tornou-se um campo de batalha fundamental no confronto global entre o poder do povo e a tirania de uma máquina globalista corrupta", escreveu ele ao anunciara a participação de Bolsonaro no evento "Poder do Povo". O ex-presidente americano Donald Trump já participou de eventos promovidos pela organização de Kirk.
Leia também
• Michelle diz que Bolsonaro não teme ir para a cadeia: "Não é ele que tem que ter medo"
• Foragido, Allan dos Santos participa de evento conservador com Bolsonaro nos EUA
• Bolsonaro promete seguir ativo na política brasileira durante evento na Flórida
Nascido em 1993 em um bairro rico de Chicago, o americano começou a ficar conhecido em 2012, quando publicou um artigo no Breitbart News, site conservador que chegou a ter como diretor outra figura proeminente da extrema-direita, Steve Bannon, ex-assessor de Trump. O texto argumentava que os livros didáticos usados em escolas do ensino médio estavam "doutrinando" os jovens com ideias progressistas. A controvérsia o levou a programas de televisão e lhe deu a plataforma para lançar a TPUSA.
Apoiador de Donald Trump, Kirk foi um dos que promoveu a teoria da conspiração sobre uma suposta fraude nas últimas eleições presidenciais americanas. Foi também entusiasta das manifestações que resultaram na invasão ao Capitólio, de 6 janeiro de 2021. Já na pandemia, seu grupo bancou propagandas nas redes sociais com informações falsas sobre a vacinação, de acordo com o britânico The Guardian.
Kirk comanda uma outra organização além da Turning Point USA, a Turning Point Action, que funciona como um braço político de suas iniciativas. Em entrevistas, discursos e falas em programas de rádio e TV, o americano defendeu teorias da conspiração como marxismo cultural, globalismo e o negacionismo quanto as mudanças climáticas. Em 2020, fez o discurso inaugural da convenção nacional do partido Republicano.
Segundo o Wasington Post, a herdeira de uma rede de supermercados, Julie Fancelli, doou US$ 1,25 milhões para os grupos comandados por Charlie Kirk. O montante teria sido usado para bancar os ônibus que levaram os extremistas ao comício de Trump que antecedeu a invasão do Capitólio. Outros beneficiados pelas doações foram nomes como Alex Jones, o radialista teórico da condenação, e Roger Stone, aliado de Trump.
"Charlie Kirk é o meu herói", escreveu Fancelli em uma mensagem de texto obtida pela comissão parlamentar que investiga o 6 de janeiro. "Preciso que você envie $ 250.000 para Charlie Kirk o mais rápido possível (...) É para transportar mais pessoas", disse ela em outro texto enviado para sua assistente.
Em um tweet do dia 4 de janeiro, que acabou sendo deletado posteriormente, Kirk afirmou que ia enviar 80 ônibus para "lutar pelo presidente". Representantes da Turning Point chegaram a afirmar que apenas 7 veículos com 350 pessoas foram enviados a Washington naquela data. Segundo as investigações, parte do dinheiro serviu para pagar a presença de Kimberly Guilfoyle no comício de Trump.
"Um investimento de US$ 1,25 milhões nos permitirá enviar influenciadores de mídia social para Washington, DC, em 6 de janeiro, e produzir conteúdo de vídeo de alta qualidade que educará milhões sobre o seu significado (...)", escreveu Kirk em uma mensagem de texto.
Chamado para depor no Congresso americano sobre a invasão ao Capitólio, ele permaneceu calado ao evocar seu direito ao silêncio.