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Quem é Delegado Da Cunha, deputado acusado de agredir ex-mulher

Parlamentar já foi indiciado por utilizar a estrutura da Polícia Civil para gravar vídeos de operações oficiais para postar em suas redes sociais

No final de junho, a Polícia Civil de São Paulo transferiu o delegado Da Cunha para funções administrativas e determinou que ele tivesse armas e distintivos recolhidos No final de junho, a Polícia Civil de São Paulo transferiu o delegado Da Cunha para funções administrativas e determinou que ele tivesse armas e distintivos recolhidos  - Foto: Reprodução / Instagram

O deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP), conhecido como Delegado Da Cunha, é acusado de violência doméstica e ameaça contra a ex-mulher, Betina Grusiecki, desde outubro do ano passado. Eleito deputado federal por São Paulo com mais de 180 mil votos, ele também é investigado por enriquecimento ilícito e abuso de autoridade, depois de ficar conhecido na internet com vídeos de operações policiais.

Quais são as acusações contra o deputado Delegado Da Cunha?
O delegado virou réu em outubro, numa ação por violência contra a nutricionista, de 28 anos. Os dois se conheceram em 2020, moravam juntos e não têm filhos. Ele é pai de três crianças, frutos de outra relação. Em depoimento, ela relatou à Justiça ter sofrido com episódios de agressão verbal e física durante o relacionamento de três anos com o deputado. Segundo ela, o casal discutia com frequência.

Segundo o Ministério Público, além de ameaças e agressões, ele também causou danos materiais à vítima. O caso foi registrado na 2ª DDM (Delegacia da Defesa da Mulher), na Zona Sul de São Paulo, como lesão corporal, ameaça, injúria e violência doméstica, cuja acusação ainda vai a julgamento.

Em um vídeo divulgado pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo, é possível ouvir o deputado insultando a então companheira e a ameaça de morte. "Vou encher sua cara de tiro", diz o deputado na gravação. Em alguns momentos, dá pra ver o rosto de Betina e, em um relance, é possível reconhecer a imagem do delegado. A maior parte do vídeo é composta apenas por áudio. Segundo a vítima, ele havia consumido bebida alcóolica e, em um momento da gravação, ele bate com a cabeça dela na parede. "Desmaia aí, desmaia aí", diz ele.

A agressão registrada no vídeo aconteceu no apartamento onde o casal vivia em Santos, no litoral paulista, em 13 de outubro do ano passado. Segundo Betina, foi a última vez que ele a agrediu, já que, neste mesmo dia, ela deixou a casa onde os dois viviam.

À justiça, o deputado negou ter agredido a nutricionista, mas o IML atestou que Betina tinha escoriação no couro cabeludo e lesões corporais leves. O deputado registrou um boletim de ocorrência afirmando que era ele o agredido, por causa do ferimento com um secador. O Ministério Público concluiu que Betina tinha agido em legítima defesa.

Quais são as denúncias anteriores envolvendo Delegado Da Cunha?
Essa não foi, no entanto, a primeira polêmica em que o parlamentar se envolveu. Quando ainda atuava como delegado, Da Cunha foi indiciado por utilizar a estrutura da Polícia Civil para gravar vídeos de operações oficiais que foram exibidos em suas redes sociais particulares, como no YouTube. A investigação apontou que o delegado pagava até R$ 14 mil por mês para a equipe de filmagem. Atualmente, ele tem dois milhões de seguidores no Instagram.

Da Cunha chegou a ser afastado de suas funções em julho de 2021, quando a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo instaurou um processo administrativo por suspeita de peculato. A prática consiste na apropriação, por parte de um funcionário público, de um bem a que ele tenha acesso por causa do cargo que ocupa, em benefício próprio ou de outras pessoas.

Sua postura como "policial youtuber" – que expunha operações policiais que o colocavam no patamar de um suposto herói – passou a incomodar colegas e comandados, e a irritação chegou até o então delegado-geral Ruy Ferraz, sobretudo após críticas à sua gestão e xingamentos endereçados a outros agentes, chamados de "ratos". Os relatos apontavam que Da Cunha transformava a delegacia que comandava numa verdadeira "ilha de edição" para seus vídeos, usando a estrutura e os próprios policiais para ganhar dinheiro nas redes e promover sua imagem. Ele também chegou a ser acusado de forjar ocorrências, como um sequestro, para abastecer o próprio material nas redes.

O hoje deputado chegou a ter sua arma e distintivo recolhidos, mas os itens foram devolvidos. Ele segue afastado da Polícia Civil, já que não pode acumular a função à de deputado federal.

Quantos votos teve o deputado Delegado Da Cunha?
Da Cunha está em seu primeiro mandato como deputado federal. Ele foi eleito com 181,5 mil votos nas últimas eleições. Sua popularidade deve-se justamente à atuação nas redes sociais, onde ganhou milhões de seguidores publicando vídeos cinematográficos de operações policiais, perseguições e abordagens a suspeitos.

Em sua atuação como parlamentar, Da Cunha é 3º vice-presidente na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. É figura presente na Câmara dos Deputados, mas ainda assim acumula 77 faltas – 14 em plenário e 63 em comissões.

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