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Racha familiar entre Ciro e Cid gera debandada no PDT, com pelo menos 12 baixas

Uma nova debandada deverá ocorrer no Ceará

Irmãos Ciro e Cid Gomes discutem durante encontro do PDTIrmãos Ciro e Cid Gomes discutem durante encontro do PDT - Foto: José Cruz/Agência Brasil | Waldemir Barreto/Agência Senado

A guerra interna entre o ex-ministro Ciro Gomes e seu irmão, o senador Cid Gomes, gerou uma debandada no PDT no Ceará. Desde que as alas comandadas pela família Ferreira Gomes travaram uma disputa nas eleições do ano passado, 12 políticos já deixaram a sigla.

A tensão entre os irmãos cresceu desde a última sexta-feira, quando eles protagonizaram uma discussão acalorada durante evento da sigla, com gritos e dedos em riste.

Com o agravamento da crise, o senador não nega uma eventual desfiliação, assim como seu outro irmão, Ivo Gomes, prefeito de Sobral (CE). Até o momento, o PSB fez um convite para receber Cid e seu grupo, mas nada foi formalizado. O senador já marcou uma reunião do diretório estadual para o dia 9, na qual irá discutir “coletivamente a situação do partido”.

Atualmente, a ala de Cid conta com ao menos dez deputados estaduais, cinco federais e mais de 25 prefeitos. Em um ano de disputas entre Ciro e Cid, dez prefeitos deixaram o PDT para se aliar ao PT. A maioria, cinco, segue sem partido, mas três migraram para o PT, um para o PSB e um para o Podemos. Ao total, somam-se mais duas desfiliações.
 

Sob o risco de nova debandada, logo após a reunião no Rio, a direção nacional, comandada pelos aliados de Ciro, expediu uma resolução em que dificulta a concessão de anuências, ou seja, a saída do partido. As mudanças miram nos parlamentares eleitos no ano passado. A próxima janela partidária ocorrerá em 2026 e, por isso, dependem das permissões para não perderem seus mandatos.

“O filiado eleito pela legenda do PDT reconhece, como pressuposto, que ao partido pertencerá o mandato, devendo ao partido lealdade, fidelidade e disciplina”, diz trecho da resolução que também destaca que a função de liberar as desfiliações cabe apenas ao diretório nacional e determina nulidade nas que descumprirem esses termos.

Reação contra Cid
A medida também é uma reação do grupo de Cid que, no mês passado, liberou o presidente da Assembleia Legislativa cearense, Evandro Leitão, para se desfiliar do PDT. O episódio gerou uma disputa judicial entre os grupos e, na última segunda-feira, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) decidiu, por unanimidade, pela autorização da saída. A ala de Ciro recorrerá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Leitão deseja sair do PDT para concorrer à prefeitura de Fortaleza. Dentro da legenda, aliados de Ciro formaram um consenso pela reeleição do atual prefeito, José Sarto, desafeto de Cid. A desfiliação do deputado, próximo ao senador, pode permitir que ele concorra contra o seu atual correligionário, já que o político recebeu convites de PT e PSB.

Filiados, no entanto, alegam que a resolução não vai frear apenas os aliados de Cid, já que o grupo de Ciro também estaria saturado com as crises. O conflito entre os irmãos começou quando seus grupos discordaram sobre quem seria o candidato a governador. Na ala de Cid, estava a ex-governadora Izolda Cela, a primeira a deixar o PDT quando os aliados de Ciro optaram pelo ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, que terminou em terceiro lugar na disputa. O movimento não agradou a ala do senador que, se aproximou do atual governador Elmano de Freitas (PT) com dez prefeitos.

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